A Justiça autorizou nesta semana a quebra de sigilos fiscal e telefônico do filho 02 do presidente Jair Bolsonaro. As autoridades suspeitam que o vereador Carlos Bolsonaro também montou um esquema de rachadinhas dentro de seu gabinete no Rio de Janeiro, mostrando que a prática é uma tradição da família.

Assim como o pai e o irmão mais velho, o senador Flávio Bolsonaro, Carlos dá toda a pinta de quem também confisca o salário de seus funcionários. Quem faz a comparação é o próprio Ministério Público do Rio, que investiga esse filho do capitão desde 2019.

Segundo os promotores, o esquema funciona da seguinte maneira: Carlos destaca alguns funcionários de sua confiança para recolher o dinheiro das contas de funcionários “fantasmas”. O recurso então é usado para pagar despesas ou comprar bens para o vereador. O Ministério Público calcula que o gabinete de Carlos pagou R$ 7 milhões a título de salário a servidores que sequer aparecem para trabalhar na Câmara.

Isso ajuda o brasileiro entender como é que muitos do clã enriqueceram de uma forma difícil de explicar. Dentre os servidores ditos fantasmas, está Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Bolsonaro, mãe do 04, e que recentemente se mudou para uma mansão no Lago Sul de Brasília, avaliada em R$ 3,2 milhões.

Ana Cristina paga aluguel de R$ 15 mil, valor que não teria condições de pagar com o salário que recebe hoje de R$ 6,2 mil por ser assessora da deputada Celina Leão (PP-DF). A mãe do 04 foi chefe de gabinete de Carlos por sete anos, entre 2001 e 2008, ano que se divorciou do capitão. Em julho, foi a vez de o presidente ser envolvido no rolo, por meio de um áudio gravado pela ex-cunhada. Para todos eles, rachadinha é mais do que um simples esquema. É um grande e vantajoso negócio.