SURGIMENTO Descoberta na Suméria por mulheres, a bebida era feita através da mistura de grãos e água: solo e clima ajudaram na produção (Crédito:Divulgação)

Que os egípcios eram amantes de cerveja, já sabíamos, mas agora está comprovado que eles dominavam, de fato, a arte de produzir a bebida em larga escala. Recentemente o Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito informou a descoberta da “cervejaria mais antiga do mundo”, na cidade de Abidos, uma das mais antigas do País. O achado, datado em mais de 5 mil anos, impressiona pelas dimensões. Segundo arqueólogos das Universidades de Nova Iorque e Princeton, a estrutura possui oito áreas, cada uma com cerca de 20 metros de comprimento e 40 potes de cerâmica espalhados em duas fileiras. Para especialistas, a fábrica, capaz de produzir 22,4 mil litros de cerveja, é fundamental para entender mais sobre este período histórico, escasso em termos de evidências.

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“O complexo provavelmente servia para alimentar os trabalhadores da época, celebrar rituais e movimentar a economia”, diz Maria Thereza João, historiadora do Centro Universitário Internacional (UNINTER). “Essa descoberta é uma oportunidade de conhecer mais sobre os rituais do antigo Egito e a sociedade da época”, afirma.

A obra foi erguida no início do período dinástico, durante o governo do Rei Narmer (entre 3273 – 2987 a.C), lembrado por unificar o Egito. Base alimentar da época, a bebida era usada em rituais funerários, celebrações e na remuneração de trabalhadores. Além disso, o produto consumido pelas elites, como o rei Narmer, era mais rico em nutrientes do que a cerveja difundida entre a plebe.

“A cerveja era usada em rituais, mas é curioso ver uma produção tão grande assim” Kathia Zanatta, sommelière (Crédito:Divulgação)

Precioso líquido

Os livros de história afirmam que a cerveja nasceu na Suméria, sul da Mesopotâmia, Iraque, há mais de 6 mil anos. Não se sabe como, mas alguns grãos tiveram contato com água e a reação química resultou na bebida, por acidente. Pouco depois o processo foi aprimorado. “A Suméria é o berço de tudo”, diz Kathia Zanatta, sommelière e cofundadora do Instituto da Cerveja. Sobre a descoberta ela acrescenta: “É curioso ver uma produção tão grande assim há tantos anos atrás”. Agora, com o auxílio da tecnologia e a sede por respostas, as autoridades egípcias irão desbravar ainda mais as instalações da cervejaria.