Quando Bolsonaro se elegeu, prometeu transformar o País. Quase 60 milhões de brasileiros acreditaram. Afinal, ele garantia que acabaria com os malfeitos de Lula, que, naquela altura, estava preso em Curitiba por corrupção. Três anos depois, o Brasil percebe que trocou seis por meia dúzia. O bolsonarismo bebe na mesma fonte do lulismo: o dinheiro público. No caso do petista, os recursos do erário foram saqueados dos cofres da Petrobras. Já no caso do atual presidente, o saque é feito em dinheiro vivo, retirado ao longo dos anos das contas de funcionários fantasmas empregados nos gabinetes parlamentares de Jair e de seus filhos. O pai ensinou aos meninos como operar o esquema das rachadinhas, que rendeu milhões e enriqueceu a todos, incluindo ex-mulheres e agregados. Sabemos, agora, que a eleição do ex-capitão foi um estelionato eleitoral e ainda há os que defendam que ele dê um golpe para moralizar o Brasil.

E quem conta detalhes desse sórdido esquema de corrupção não é ninguém da oposição que almeje jogar a família na lama para alijá-la do poder. As denúncias partem dos que conviveram intimamente com os Bolsonaro. Desta vez, quem desnuda o golpe dado às contas públicas é um humilde ex-funcionário da ex-mulher do mandatário, Ana Cristina Valle. Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, que era considerado por Jair Renan, o 04, como seu pai postiço, conta que repassava 80% do salário que ganhava no gabinete do senador Flávio ao próprio filho do presidente. Repete o que o ex-PM Fabrício Queiroz já havia confessado à Justiça: que arrecadava valores altíssimos dos funcionários de Flávio e os depositava em dinheiro vivo nas contas do 01.

A eleição de Bolsonaro foi um verdadeiro estelionato eleitoral e ainda há os que defendam que ele dê um golpe para moralizar o País

Moral da história: todos enriqueceram. Flávio comprou uma mansão de R$ 6 milhões no Lago Sul de Brasília e Ana Cristina mora, junto com o 04, em outra mansão, também no Lago Sul, afirmando pagar aluguel. Mas, de acordo com Marcelo dos Santos, o imóvel é dela própria e estaria em nome de laranjas. Já Carluxo é investigado por desviar R$ 7 milhões das contas dos funcionários de seu gabinete de vereador, com a ajuda da ex-madrasta Ana Cristina. Sua própria mãe, Rogéria, também se valia de dinheiro vivo para comprar imóveis, como aconteceu na aquisição de um apartamento na zona Norte do Rio, que hoje vale R$ 621 mil. Além disso, a própria primeira-dama Michelle ainda não explicou por que recebeu R$ 89 mil de Queiroz. Como percebemos, tanto Lula, quanto Bolsonaro, são farinha do mesmo saco. Se queremos uma gestão que resolva os reais problemas do País, levando em consideração a moralidade e a ética pública, teremos que pensar em opções que fujam da polarização entre o lulismo e o bolsonarismo.