Aqui vai, para a ministra Damares Alves, um universo colorido para os olhos e para a alma. Mas vai também uma porção triste e trágica envolvendo a infância em nosso País.

Primeiro, o lúdico:

A Cinderela, da Disney, é uma universal maravilha em seu vestidinho azul.

Jasmine, a aflita princesa, nos transmite paz e alegria ao realizar o sonho de se casar na história com quem ama verdadeiramente: o personagem Aladin. Detalhe: Jasmine usa azul.

Bem mais modernas são Elsa, a princesa da animação “Frozen”, e a malvada Dolores Umbridge, da série Harry Potter. Pois é: Elsa veste azul e a vilã Dolores traja rosa.

Agora, aquilo que é triste. Deixemos a tela e olhemos a dura realidade da vida dos monturos, das favelas, das esquinas, das bocas de lobo onde tantas crianças trabalham brincando e brincam trabalhando em todo o País.

A ministra precisa ser apresentada ao relatório da Fundação Abrinq, uma das entidades mais conceituadas em todo o planeta no cuidado e apoio a crianças. Chama-se “Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil” (2018). Demonstra que 40,2% das crianças brasileiras, até 14 anos, vivem em situação de pobreza e 4 milhões de crianças sobrevivem em favelas.

Essa infeliz meninada (vale para mulher e homem) não tem sequer o que vestir – e, com certeza, uma menina nessas perversas condições sociais ficaria feliz se ganhasse uma roupa azul, e o mesmo sentimento habitaria um menino que, de repente, se visse vestido, ainda que a roupa fosse rosa.

A pasta da ministra leva o nome de Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. A ministra Damares deveria se vestir dessas três difíceis funções. E deixar as cores de lado.