A Europa se defende da falta do gás russo e o Brasil na fila do osso

A Europa se defende da falta do gás russo e o Brasil na fila do osso

Quando um presidente francês pede esforços e sacrifícios para sua população, alertando para a aproximação do outono/inverno, um país do outro lado do Atlântico, empurrado à beira do precipício – sim, o nosso -, só pode tremer ainda mais. Emmanuel Macron se assusta com o custo de vida na França e a possibilidade do frio afetar a vida sem fontes energéticas suficientes para aquecimento. Então, o que dizer de outros dois grandes, como Alemanha e Reino Unido, que vêem a inflação bater em dois dígitos, o inimaginável há algum tempo (pelo menos no pré-pandemia e no pré-guerra).

Franceses inventaram até um vale-psicólogo para enfrentar a crise, mas ao menos contam, com energia nuclear. Seus vizinhos, com o gás russo reduzido, estão em situação bem pior, cortando energia e estabelecendo tetos para ar condicionado e aquecedores. Assistindo a essas providências tomadas pelos “grandes”, a pequena Suíça se sai com uma medida que no passado poderia ser uma piada: decidiu armazenar lenha para os tempos de frio. Era também impensável, até há pouco, um país ameaçar uma volta a um combustível fóssil dos mais poluentes, em tempos desesperados de alertas drásticos quanto ao aquecimento global sem precedentes.

Se os alemães já podem pensar em banhos de canequinha, os britânicos se levantam em ondas de greves setoriais, gritando que não conseguem pagar luz e mercado ao mesmo tempo. Espanhóis dão o tom da União Europeia, chiando para engolir a proposta de dividir gás, com aqueles que têm mais cedendo para os que têm menos. Enquanto a Europa ainda se debate em gastos bilionários com armas enviadas à Ucrânia, em uma guerra esticada, a Rússia segue avançando e a China continua na expectativa por suas fatias do mundo. E aqui, no Brasil da fila do osso? Aguarda-se outubro, que não chega nunca, quando uma eleição entre barbárie e civilização decidirá o futuro do país.