As questões climáticas já deixaram de ser, há tempos, ao menos para quem não insiste em caminhar sobre quatro patas, lenda, catastrofismo ou mera ideologia ambiental. Uma coisa são os ‘xiitas’ ambientalistas, extremistas que usam e abusam da causa para agredir pessoas e empresas e impor suas agendas. Outra, bem diferente, são pesquisadores, institutos de tecnologia, universidades renomadas, enfim, gente séria e capaz debruçada sobre um dos mais importantes temas da nossa geração: o aquecimento global.

Contra números e fatos, que provam e comprovam as alterações climáticas advindas do aquecimento do planeta, não há argumentos; apenas mistificações e reducionismo tosco. A cada década, o mundo fica mais quente e o clima se comporta em padrões cada vez mais incomuns e imprevistos, ou seja, sem… padrão! Invernos e verões extremos, oscilações inéditas de temperatura e outras ‘anomalias’ climáticas têm trazido enchentes, furacões e incêndios recordes, vitimando milhares de pessoas e causando prejuízos bilionários.

A comunidade científica internacional insiste que nos aproximamos do chamado ‘ponto de não retorno’, uma barreira invisível que determinará o futuro do planeta e das próximas gerações. Uma vez ultrapassada tal barreira, as mudanças climáticas severas deixarão de ser reversíveis e se tornarão cada vez mais extremas, o que determinará, por milênios, por exemplo, a agricultura e a pecuária, leia-se, comida. Ou os locais em que milhões de pessoas não poderão mais viver, como algumas cidades costeiras.

O Relatório do Desmatamento no Brasil, do MapBiomas, divulgado hoje, mostra a ponta do iceberg desta catástrofe, sob o ponto de vista do desmatamento no Brasil. Os dados dizem respeito a 2021, e mostram um aumento na ordem de 20% na destruição de nossas matas e florestas. Em três anos, o país perdeu o equivalente a um Rio de Janeiro inteiro (estado, e não a cidade) em áreas verdes. Somente na Amazônia, 18 árvores foram ceifadas a cada segundo. Sim! A cada segundo. Isso significa 1.9 hectare por minuto.

O leitor pode imaginar que o combate ao desmatamento é muito difícil, quase impossível e tal, mas não é. Primeiro que as tecnologias atuais (satélites, drones, GPS etc.) facilitam barbaramente a fiscalização. Segundo que – o mais incrível – a concentração dos crimes ambientais se dá na agropecuária, e não em atividades como mineração ou garimpo clandestino. Para que se tenha uma ideia, ainda na região da Amazônia, apenas 0.9% das propriedades rurais concentram cerca de 77% de todo o desmatamento.

A humanidade, infelizmente, insiste em não aprender com os próprios erros e a se antecipar aos problemas que ela mesmo cria. A pandemia do novo coronavírus nos mostrou toda nossa fragilidade diante da força da natureza quando a provocamos de forma constante e descuidada. Nossa geração tem a responsabilidade moral de cuidar e proteger nossos netos e bisnetos, sob pena de impingir aos nossos filhos, descendentes diretos e mais próximos, extrema dor e sofrimento diante de um mundo nada ambientalmente promissor.

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