A capital pernambucana assiste a uma disputa familiar pela Prefeitura. Os primos Marília Arraes (PT) e João Campos (PSB) seguem os passos de Miguel Arraes. No primeiro turno, Campos alcançou 29,13% dos votos, enquanto que Marília teve 27,90%. Mas a última pesquisa IBOPE mostra que Marília já virou e está na frente com 53% a 47%.

O cientista político Antonio Lavareda, especialista nas eleições pernambucanas, lembra que os primos foram capazes de propor o “único segundo turno entre forças de esquerda” e projeta que o vencedor terá vitória apertada. Recife se torna, assim, vanguarda no País em termos de juventude. Campos, com 26 anos, é o mais jovem do País nas capitais, enquanto Marília, de 36 anos, representa a força da mulher e rompe com barreiras históricas, especialmente quanto ao machismo nordestino. O jeito de discutir política de ambos é, também, um exemplo de ruptura da velha política. Os primos preferem discutir problemas da cidade e ficam longe das intrigas pessoais. A disputa é ética, jovial e franca.

Marília representa a ousadia de enfrentar o PSB, que tem uma longa hegemonia no estado. A petista diz que está preparada para resolver os problemas que a atual administração não resolveu “como a crise nos morros, creches, saúde, educação, combate às desigualdades e fim das palafitas”, diz a petista. Confiante, a candidata afirmou conhecer a cidade como a palma da mão. “De um lado, tenho sensibilidade, de outro tenho força e coragem para tomar decisões”.

JUVENTUDE João Campos defende a hegemonia do PSB no estado de Pernambuco na última década (Crédito:Divulgação)

Legado do pai

João Campos defende o legado do seu pai, Eduardo Campos, que morreu em acidente de avião quando concorria a Presidência em 2014. Ele também tem o desafio de convencer a população que pode realmente dar um melhor rumo à cidade. “Os desafios vão ser muitos e é por isso que o futuro prefeito do Recife vai ter que ser pegado no serviço, ter garra, energia e vigor pra matar os problemas no peito e buscar soluções”, escreveu o candidato no Instagram.

Apesar do parentesco, os primos têm trajetórias políticas bem diferentes, conforme destaca o cientista político Ricardo Ismael. “O João é produto de uma linhagem política, incentivada pela mãe Renata Campos. Enquanto Marília Arraes rompeu inclusive com alas retrógradas do PT, que tem no ex-ministro Humberto Costa o maior representante”, disse. Marília pode ser beneficiada pelo desgaste do prefeito Geraldo Júlio (PSB), que sofre com denúncias de corrupção. Seja qual for o resultado, a juventude no Recife pode apresentar para o País a nova estrela do Nordeste: Marília pode ser a única prefeita petista eleita em uma capital brasileira.