Na internet costuma-se dizer: “este ano já deu” quando morre alguém famoso ou muito querido pela população em geral. Foi assim com Paulo Gustavo, que além de ter sido uma morte trágica, foi repentina, Tarcisio Meira, Eva Wilma e Nicette Bruno. Infelizmente na tarde desta segunda-feira, 30, mais uma luz se apagou: a o do ator Milton Gonçalves.

Ícone da televisão brasileira, Milton faleceu aos 88 anos, em casa, por consequências de problemas de saúde que vinha enfrentando desde que teve um AVC sofrido em 2020. Na época, o ator ficou três meses internado e precisou de aparelhos para respirar. O ator viveu seus últimos meses com sequelas da doença. Ele precisava se locomover por uma cadeira de rodas e sua grave voz ficou enfraquecida por conta de uma traqueostomia que fez.

Milton fez parte do primeiro elenco da Globo em 1965 e desde então fez mais de 40 produções na casa. Entre eles os sucessos “Irmãos Coragem” (1970); “A Grande Família” (1972); e “Escrava Isaura” (1976).

Um dos seus maiores trabalhos, entretanto, foi “Sinhá Moça” (2006). Seu papel como Pai José lhe rendeu uma indicação como Melhor Ator ao Emmy Internacional. No mesmo ano, o ator apresentou a categoria Melhor Programa Infanto-Juvenil ao lado da atriz americana Susan Sarandon – ele foi o primeiro brasileiro a apresentar o evento.

Milton também foi um dos precursores na luta por bons e maiores personagens negros nas teledramaturgias. Ele reivindicava que os artistas não fizessem apenas papel de pobres ou escravizados. Graças à essa luta e tantas outras, a Globo estreia nesta segunda-feira, “Cara e Coragem”, novela das sete, cuja família protagonista é de negros e ricos – Taís Araújo e Ícaro Silva, farão parte desta família, que segundo os próprios atores não têm estereótipos.

Um dos personagens mais marcantes de Gonçalves, por exemplo, tem toda uma luta e história por trás. Ele deu vida a Rainha Diaba (1974), um personagem negro, gay e que comandava de um quarto de bordel uma quadrilha que controlava o tráfico de drogas, tudo isso em meio a ditadura militar vigente no País.

Não foi fácil, mas como sempre Milton Gonçalves brilhou. E, agora, vai brilhar ainda mais e para sempre. Sua última participação em novelas foi “O Tempo Não Para” (2018).