O saudoso Ulysses Guimarães proclamou, durante a promulgação da Constituição de 1988: “Temos ódio e nojo à ditadura. Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace homens e nações”.

Talvez não esperasse que seu discurso, simbolicamente reinaugurando a democracia, inspirasse décadas de incontáveis declamações pela defesa da Nova República. Isto poderia ser um bom sinal, mas, infelizmente, estes discursos, em geral, não passam de jargões demagógicos e hipócritas.

CONFERÊNCIA

O Governo Lula – em tese, um defensor da democracia – foi responsável pela 4ª Conferência Nacional das Juventudes, um evento de Estado, para a consulta às juventudes do País, na construção de diretrizes para políticas públicas nos próximos cinco anos.

Foi nesse contexto, em pleno Centro de Conferência Ulysses Guimarães, que o próprio Presidente Lula abriu os trabalhos, elogiando a juventude brasileira que, segundo ele, o apoiou quando se encontrava preso em Curitiba, e apoiou a ex-presidente Dilma Rousseff, quando condenada por fraude à lei orçamentária.

LAMENTÁVEL

Ao invés de discussões amplas e democráticas sobre políticas públicas, grande parte da Conferência foi lugar para episódios de ofensas, agressões físicas, roubos e ao menos uma bandeira incendiada em pleno evento. Cenas que deixariam o Fidel Castro orgulhoso do tipo de espírito democrático observado.

Quais foram os responsáveis pelo lamentável episódio? Grupos de extrema esquerda, alguns formados por filiados do próprio PT, que não aceitavam a presença de “fascistas” no evento.

FASCISMO

Importante destacar que, fascismo, segundo o dicionário destes extremistas, é tudo aquilo que não gostam, mero pretexto para “sair na porrada”. As vítimas foram jovens dos partidos Podemos, União Brasil, NOVO, MDB, Republicanos, Cidadania, PL e do movimento estudantil UJL.

Uma das vítimas, Gabriela Toral, que foi delegada da Conferência pela UJL e do Partido Podemos, foi perseguida em cima do palco do evento. Ao menos outros dois delegados, Tahys Yohanna da UJL e Atena, e Victor Molon da Juventude Novo de SC, precisaram de atendimento médico. O movimento estudantil UJL, teve uma de suas bandeiras roubadas à força e posteriormente incendiada no meio da Conferência.

CASO DE POLÍCIA

A PM do DF precisou ser acionada para conter os agressores e o evento precisou ser suspenso por algumas horas. Para retomar as discussões, a Secretaria Nacional de Juventude nomeou uma escolta permanente para os grupos agredidos e teve de criar um cordão de isolamento no plenário.

César Péret, delegado do Podemos e Vice-Presidente do Conselho de Juventude do Governo de Minas Gerais, classificou: “A Juventude Brasileira foi quem mais perdeu com essas discussões baixas e agressões que tomaram o espaço de debates essenciais sobre políticas públicas. Nem a Conferência nem a juventude brasileira pertencem a um partido ou uma ideologia. O objetivo do Podemos é somar, jamais excluir quem se propõe ao bom debate. O extremismo não pode prevalecer em nossa Democracia”.

NÃO É NOVIDADE

Cenas de violência como estas não são nenhuma novidade na nossa democracia, infelizmente. Novidade, no caso, é que estão sendo expostas e não mais normalizadas. A esquerda se acostumou a formar hegemonias, como em sindicatos, universidades e conselhos da sociedade, e agora encontra-se assustada por ter de debater.

Jovens corajosos e politizados estão trilhando caminhos outrora sequestrados pela esquerda. No passado, estes moços e moças foram abandonados pela própria direita, mas agora tentam trazer alguma luz a um país que parece, cada vez mais, perto da escuridão, representada pela intolerância política e violência física dos extremistas de esquerda.