ENREDO EM SEGREDO A iraniana Nazanin Boniadi vive a personagem Bronwyn, na série Os anéis do poder: estreia em setembro no Prime Video (Crédito:Divulgação)

Nos últimos anos, o crescimento do mercado de streaming, com um número cada vez maior de plataformas que disputam a atenção do público e seus orçamentos domésticos, criou entre tais empresas e os tradicionais estúdios cinematográficos uma corrida para equilibrar demanda e oferta, especialmente nos dois primeiros anos de pandemia, quando as quarentenas esvaziaram salas de cena e aumentaram o consumo caseiro do audiovisual via internet. Nessa peleja por corações, mentes e bolsos, uma das saídas de retorno mais garantido tem sido voltar-se sucesso do passado, tanto das décadas de 1970 e 1980, quanto dos anos 2000.

E eis que tudo virou franquia. Não apenas as produções com super-heróis da Marvel e da DC Comics, que ganharam força recentemente. Os estúdios e as plataformas vêm apostando numa realização caudalosa, de remakes e spin-offs, tanto para o cinema quanto para o streaming. Na semana passada, por exemplo, Tom Cruise fez a première mundial de seu Top Gun: Maverick, no Festival de Cannes, 36 anos depois da estreia de Ases indomáveis. E toda uma inteira trilogia, em forma de spin-off, chega a seu capítulo final com a estreia nessa semana, no cinema, de Jurassic World: Domínio, estrelado por Chris Pratt. A produção é fruto da trinca original de filmes criada por Steven Spielberg nos anos 1990, Jurassic Park, que arrecadou globalmente mais de US$ 2 bilhões somente em bilheteria.

Mas, qual a diferença entre as produções dessas plataformas e as dos canais da TV a cabo, quando esses reinavam no ambiente do entretenimento doméstico? Simples. Salvo telefilmes, de orçamentos relativamente tímidos, a TV a cabo mantinha seu foco em séries e reality shows. O jogo começou a virar em 2015, quando a Netflix lançou seu primeiro filme original, Beasts of no nation. Dois anos depois, a plataforma levou ao Festival de Cannes o longa Okja, do sul-coreano Bong Jo-hoo. A partir de 2018, a Netflix mudou de vez de patamar, ao ser indicada ou até mesmo premiada com estatuetas do Oscar.

Não demorou, e suas concorrentes passaram a replicar a fórmula, como o Prime Video, que também em 2015 produziu seu primeiro longa para exibição exclusiva na telinha, Chi-Raq, de Spike Lee. No ano passado, HBO Max estreou Os muitos santos de Newark, que se debruça sobre os anos de formação do gângster vivido por James Gandolfini na série Família Soprano (1999-2007), considerada um dos expoentes da recente Era de Ouro das produções televisivas. Ou seja, um spin-off de série, na forma de um longa.

ODISSEIA NO ESPAÇO Chris Evans dará voz ao astronauta Buzz Lightyear, no spin-off da tetralogia Toy Story, sem data de estreia (Crédito:Divulgação)

Da telona à telinha

De volta ao Marvel Cinematic Universe (MCU), dos super-heróis: pouco após terminar a terceira fase de sua saga inicial, em 2019, com Avengers: Endgame e Spider-Man: Far from home, a Disney, nova dona da Marvel Studios, passou a lançar crias diversas em sua plataforma Disney+, como WandaVision e a animação What if…?, cujas tramas criam uma interdependência tamanha entre as produções do MCU que é preciso tê-las visto para uma melhor compreensão do enredo de um longa como Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, recém-lançado exclusivamente na tela grande.

Outra tendência que vem ganhando força é a de adaptar filmes para séries – e aqui não estamos falando de produções da Globo Filmes que já nascem pensadas para ter suas versões editadas em episódios da Globoplay. Os exemplos vão de O Senhor dos Anéis – Os anéis do poder, que chega ao Prime Video em setembro, a Grease: Rydell High, prequela de Grease (1978), musical adaptado para o cinema, estrelado por John Travolta.

Derivados de séries, mais comuns na TV aberta e nos canais a cabo, no passado, também têm desfrutado dessa onda. Sex and the city, que já havia tido duas continuações concebidas para a telona, voltou ao ambiente doméstico, em uma nova versão em série, considerada mais próxima das raízes da atração original. Com o nome de And just like that…, a produção já garantiu uma segunda temporada, para 2023, no HBO Max.

Ainda em 2022 teremos um novo Hellraiser (da Hulu, em geral passa no Star+, no Brasil), remake do sucesso Hellraiser: Renascido do inferno (1987), de Clive Barker. E ainda animação Lightyear (16/6), spin-off da tetralogia Toy Story, lançada em 1995. Por fim, está por estrear o novo Frasier (Paramount+), ainda sem data, mas com a volta de Kelsey Grammer ao papel que nomeia a atração, exibida de 1993 a 2004.

The boys-verso

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Jensen Ackles (foto), astro da série Sobrenatural (2005-2020), é o mais novo integrante de The Boys, cuja terceira temporada chega em 3 de junho ao Prime Video. A plataforma lança de vez três de seus oito episódios, que serão exibidos sempre às sextas-feiras. Na atração, Ackles viverá o personagem Soldier Boy, um soldado com um jeito de cowboy. Produzida por Amazon Studios e Sony Pictures, e inspirada nos quadrinhos de mesmo nome, de Garth Ennis, a série recebeu em 2021 cinco indicações do Emmy, a principal premiação da TV norte-americana, e mostra o que acontece quando super-heróis super-reverenciados e influentes até na política abusam de seus poderes.

No elenco, Karl Urban, Chace Crawford e Jack Quaid, entre outros. The boys já gerou sua primeira cria: a série animada The boys presents: Diabolical, que chegou em março à plataforma. Entre os dubladores, há profissionais do quilate de Kevin Smith, Don Cheadle e Seth Rogen. E o The boys-verso não para por aí: o ator brasileiro Marco Pigossi foi anunciado há pouca semanas como Dr. Cardosa, personagem de um spin-off da série ainda sem título, enredo ou previsão de lançamento. Patrick Schwarzenegger e Sean Patrick Thomas estão confirmados no elenco.