09/05/2018 - 8:30
A primeira infância compreende os primeiros seis anos de vida de uma criança. Essa é considerada a 1ª etapa da educação básica, constituída pela creche (0 a 3 anos) e pré-escola (4 e 5 anos). Mas por que a primeira infância é tão importante para o desenvolvimento posterior da criança? As pesquisas em neurologia mostram que a primeira infância é um período fundamental no desenvolvimento cerebral. Os bebês começam muito cedo seu aprendizado sobre o mundo que os cerca, desde os períodos pré-natal, perinatal (imediatamente antes e após o nascimento) e pós-natal. No passado, não muito distante, o olhar no período de 0 a 3 anos era muito mais do cuidar do que o do educar. Exatamente por esses novos conhecimentos que a neurociência tem nos revelado é que hoje há um equilíbrio no cuidar e no educar, que são muito bem apresentados nas Diretrizes do Conselho Nacional de Educação para a primeira infância.
Crianças, jovens e adultos de todas as idades respondem a tratamentos, atenção e estímulos. Entretanto, como demonstram os neurocientistas, em nenhuma outra fase da vida as respostas são tão rápidas quanto as que ocorrem na primeira infância. Isso pode ser visto no gráfico a seguir, que mostra a resposta típica de investimentos verificada na primeira infância e na juventude:
Resposta típica de Investimentos na Primeira Infância e Juventude
Na primeira infância as respostas são mais rápidas, mais intensas e mais duradouras, em contrapartida àquelas verificadas na juventude, que são, por sua vez, relativamente mais lentas, menos intensas e menos duradouras.
Um dos pesquisadores mais importantes na atualidade sobre tais investimentos na primeira infância é o professor da Universidade de Chicago James Heckman e prêmio Nobel de Economia em 2000. Ao ser perguntado por que os estímulos nos primeiros anos de vida são tão decisivos para o sucesso na idade adulta, ele respondeu: É uma fase em que o cérebro se desenvolve em velocidade frenética e tem um enorme poder de absorção, como uma esponja maleável. As primeiras impressões e experiências na vida preparam o terreno sobre o qual o conhecimento e as emoções vão se desenvolver mais tarde. Se essa base for frágil, as chances de sucesso cairão; se ela for sólida, vão disparar na mesma proporção. Por isso, defendo estímulos desde muito cedo.
Heckman realizou estudos longitudinais a partir da primeira infância até a vida adulta, especialmente no que se refere à qualidade da educação oferecida já na primeira infância. Nesse caso, em particular, ele procurou compreender a diferença na vida futura de crianças que tiveram a oportunidade ou não de ter acesso à educação integral, na qual as habilidades socioemocionais, como colaboração e abertura ao novo fazem parte do cotidiano escolar. Ele chegou a várias conclusões, entre elas, que crianças que tiveram as habilidades socioemocionais trabalhadas na primeira infância, têm 35% menos chances de ter problemas prisionais na vida adulta. Ele também verificou que essas crianças têm também 44% maiores chances de concluir a educação básica.
Por isso, torna-se imperativo para o futuro de nossas crianças oferecer uma educação com significado já na primeira infância.