A extrema-direita é obcecada pela disciplina. Escolas cívico-militares, por exemplo, querem criar robôs que cumprem as regras e não estudantes críticos e preparados para o debate. Em vez de formar os jovens para a democracia, a proposta é condicioná-los a receber ordens. É a lógica militar, da imposição hierárquica, que orienta a educação no atual governo. Em vez de pedagogia, a ideia é liberar a truculência. Mais vara de marmelo e menos diálogo. Não se trata de fazer com que as individualidades se expressem, mas de disciplinar para impor um caráter resignado e um comportamento padronizado aos jovens.

O pessoal que defende o homeschooling vai nessa mesma direção. Educadores conservadores que incentivam o ensino em casa acreditam que a violência é uma ferramenta educacional e se apóiam na Bíblia para soltar o braço contra crianças e adolescentes. Uma reportagem recém-publicada pela Agência Pública mostrou que os principais ideólogos desse tipo de ensino no Brasil preconizam palmadas para ensinar os jovens, embora os castigos físicos estejam proibidos na educação brasileira desde 2014. Mas os pais violentos podem se sentir mais à vontade na intimidade do lar.

A educação bolsonarista se alimenta da repressão. O que se pretende é que os alunos voltem a ajoelhar no milho e obedeçam cegamente educadores autoritários. O ex-secretário nacional de Proteção Global do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Alexandre Magno Fernandes Moreira, é um exemplo da mentalidade deturpada que o bolsonarismo promove. Grande defensor do homeschooling, ele diz em seus cursos online que “o castigo físico sempre tem de ter uma finalidade, é algo que deve ser feito com calma, paciência e dentro de situações específicas”. Só para oprimir o jovem, torná-lo submisso e ensinar-lhe que tudo se resolve com a força.