O IBGE divulgou que a inflação oficial subiu, no mês passado, 0,83%, o que foi o pior maio desde 1996. Essa taxa elevou a inflação dos últimos 12 meses para 8,06%. Um descalabro, trazendo de volta o dragão da inflação que havíamos derrotado em 1994 quando Fernando Henrique fez o real. Esses números negativos comprovam cabalmente que o descontrole inflacionário está deixando a economia sob risco de desandar, penalizando as empresas, mas, sobretudo, os mais pobres.

Num momento em que o País registra um desemprego monstruoso de 15 milhões de pessoas, além dos 40 milhões que vivem em miséria absoluta, os números da economia são desalentadores. E não vale o ministro Paulo Guedes dizer que, apesar da pandemia, o PIB vai crescer 5% este ano, recuperando o tombo do ano passado (4,1%). Afinal, esse crescimento não está sendo repassado ao povão. O PIB está subindo graças aos itens da pauta de exportação, como minério de ferro e produtos agrícolas, atividades muito mecanizadas e que agregam pouca mão de obra de forma mais intensiva.

A maior demonstração de que os mais pobres e a classe média estão entrando pelo cano no governo Bolsonaro é que, apesar de termos mais de 200 milhões de cabeças de gado, não temos carne para comer a um preço justo. Nos últimos 12 meses, as carnes subiram 38%. E sabe por que? A maior parte da produção está sendo vendida ao exterior, sobretudo aos chineses, deixando nossos açougues sem o produto. A mesma coisa aconteceu com o óleo de soja (alta e 86,87%), feijão (aumento de 58,04%) e arroz (reajuste de 51,83%). Pela lei da oferta e da procura, os preços dispararam aqui. Isso, sem contar os salgados preços dos combustíveis e da energia elétrica. Corremos o risco de um apagão de energia e por isso estamos pagando o olho da cara para manter uma lâmpada acesa em casa.

Tudo indica também que a inflação vai continuar subindo nos próximos meses, empobrecendo ainda mais cidadão. Como resultado, a avaliação de Bolsonaro deverá cair ainda mais junto à opinião pública. É fato que os presidentes caem em desgraça pelas dificuldades econômicas. Aconteceu com Collor em 1992, que sofreu impeachment depois de uma severa crise política e econômica, e se repetiu com Dilma em 2016, afastada por ter estourado as contas públicas e não ter tido sustentação política no Congresso. O filme pode se repetir com Bolsonaro. A incompetência de seu governo não se restringe à morte de 500 mil pessoas por Covid. Ela é ampla e irrestrita em outras áreas do governo e a economia é a bola da vez.