VATICANO, 8 MAI (ANSA) – Por Nina Fabrizio – O sorriso esboçado entre o constrangimento e a satisfação diz muito sobre como o cardeal italiano Pietro Parolin entrou no conclave de 2025.
O cardeal decano Giovanni Battista Re não se conteve: “Parabéns em dobro”, disse ele ao secretário de Estado do Vaticano durante o pontificado do papa Francisco, na celebração da missa “Pro Eligendo Pontifice”, finalizando com um caloroso abraço. O acontecimento não foi programado, mas pode ser lido como uma expressão de um forte desejo.
Parolin é o super favorito do conclave que ontem à noite produziu sua primeira fumaça preta, tão esperada na praça São Pedro. Diplomata de alto nível e excelente, amplamente apreciado pelos episcopados do mundo, mas também vítima de fogo amigo durante as congregações gerais por sua condução tanto do caso de Angelo Becciu – ele apresentou documentos assinados por Francisco do hospital com iniciais mal sugeridas que colocaram o cardeal condenado por corrupção fora do conclave -, quanto pelo acordo sobre a nomeação de bispos com a China.
Para os cardeais mais tradicionalistas, esta é uma rendição da autonomia da Igreja. Também pesa contra ele o fato de não ter completado o chamado banho pastoral, ou seja, nunca ter liderado uma diocese.
Mas sua natureza afável, calorosa e humana ainda o torna completamente comparável ao perfil de pastor traçado pelo Colégio Cardinalício nestes dias de discussões, mesmo tensas.
Também a seu favor estão as divisões entre os italianos e entre os próprios “bergoglianos”, que não chegaram unidos ao “gol”. Há quem aposte no maltês Mario Grech (como o jesuíta Hoellerich), o homem do sínodo e das reformas; ou em Matteo Zuppi, bergogliano que segue os passos de Francisco como “padre de rua”, mas não amado pelos italianos mais conservadores ligados à era de Bento XVI, como o eleitor Giuseppe Betori mais relacionado à velha guarda ruiniana.
É sempre nessa divisão entre italianos e no chamado partido romano que a figura de Fernando Filoni, cardeal diplomata, vem avançando nas últimas horas. Ele entrou para o firmamento da história diplomática por ter sido o único embaixador ocidental a permanecer em Bagdá sob os bombardeios americanos.
Filoni, originário da Puglia, 79 anos, já colaborador de três Papas, é muito bem visto principalmente por aqueles que desejam um retorno à instituição e a estrita observância das regras.
Muitos cardeais, de Müller a Stella, até Ruini, nas Congregações Gerais, pediram um papado capaz de fornecer clareza, enraizado na tradição.
Na noite passada ocorreu a primeira votação e, portanto, a primeira contagem. Os cardeais chegaram ao conclave cansados, exaustos de dias de discussões e celebrações. No juramento, quem se destacou pela firmeza foi o próprio Parolin, mas também Robert Francis Prevost, figura conciliadora, que agora seria o cartão de visita dos americanos que se viram mais unidos do que o esperado.
Surge também o filipino Pablo Virgilio David, o último nome lançado como um outsider na frente da continuidade, enquanto a figura do outro filipino, Louis Antonio Tagle, desaparece. Os franceses Jean Marc Aveline, Matteo Zuppi e Pierbattista Pizzaballa permanecem no ranking.
Também sugestiva é a ordem de entrada na Capela Sistina, que respeita a sucessão de cardeais bispos para cardeais diáconos, onde Prevost, Tagle e Filoni desfilaram em ordem, o que alguns levantam a hipótese de ser um trio papal válido. Hoje, novos votos e fumaças. Mas antes houve espaço para as inevitáveis comparações durante o jantar na Casa Santa Marta. (ANSA).