Ainda faltava quase uma hora para o voo 3342 decolar para Natal, mas Amanda Bezzoni se levantou da área de espera ao perceber que um passageiro já aguardava o embarque em frente ao portão 26 do Aeroporto de Brasília. A jovem professora preferiu agir para evitar o que acabara de ocorrer com a mãe e o irmão: foram vítimas do bagageiro lotado.

“Minha mãe e meu irmão estão com bagagens parecidas com esta. Cabe na cabine do avião, mas avisaram que terão de despachar. Dizem que o voo está lotado e preferi garantir o meu lugar.”

Com o fim da bagagem gratuita, o problema enfrentado pela família Bezzoni é cada vez mais comum, pois mais passageiros entram nos aviões com malas de mão para evitar a taxa extra. A dificuldade ocorre porque as aeronaves não mudaram e falta espaço para tanta mala.

A aeronave usada naquela quinta-feira no voo para o Rio Grande do Norte, por exemplo, tinha capacidade para 220 pessoas. O bagageiro acima dos passageiros, porém, só comporta 85 malas do padrão previsto pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

“A reclamação é procedente. Temos visto que, em alguns momentos, cinco, seis, sete passageiros têm esse problema e precisam despachar na porta. Estamos atentos”, diz o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz. “Nossas associadas estão orientando passageiros antes de subir.”

Com prancheta em uma mão, contador de bagagens na outra e etiquetas no bolso, Conceição Lira faz parte do novo time de fiscais de bagagem que atuam nos aeroportos para orientar e evitar problemas. Só uma das empresas aéreas tem 44 empregados no Aeroporto de Brasília para essa função.

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Antes do voo para Natal, Conceição caminhou discretamente ao lado dos passageiros que aguardavam sentados. No meio da jornada entre as cadeiras, o marcador do pequeno equipamento que é acionado a cada mala vista já mostrava número superior a 85. Então, era preciso agir.

Foi aí que a mãe e o irmão de Amanda foram selecionados. Mesmo dentro do padrão, ela solicitou que as duas malas de mão que eles levavam fossem despachadas. Não adiantou argumentar que elas viajaram com a família na jornada que começara de madrugada em Rio Branco, no Acre. Não havia espaço – foi a palavra final de Conceição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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