Apesar do empenho da Disney para levantar a candidatura de Frozen 2 como melhor animação – afinal, o 1 registrou o maior faturamento da história da empresa -, o filme é decepcionante e não deve levar. A questão é se a Academia vai referendar a escolha da Associação dos Correspondentes Estrangeiros, premiando Link Perdido. Infelizmente, ninguém, entre os distribuidores e exibidores, se animou a recolocar o ótimo desenho de Chris Butler nas salas.

Melhor documentário? Petra Costa não consegue ser unanimidade nem no Brasil, ou muito menos no Brasil. Ela mostra seu olhar sobre o processo de impeachment em Democracia em Vertigem. Há controvérsia – toda a galera que levou Jair Bolsonaro ao poder discorda dela. O fato de Petra fazer documentários tão pessoais, em primeira pessoa, também ajuda a acirrar o ‘gostei/não gostei’.

O filme está no streaming. É ótimo – extrapola a questão do Brasil e termina refletindo um fenômeno global. Foi o que disse Wim Wenders à diretora – Democracia em Vertigem é sobre a democracia, ponto. O grande problema, porém, é que Petra, única representante do Brasil no prêmio da Academia enfrenta a concorrência de um ano excepcional. A National Geographic apresentou na segunda, 3, o concorrente da Síria – The Cave, de Feras Fayad, que já havia sido indicado para o Oscar e ganhou o Emmy em 2017, por Os Últimos Dias de Aleppo. Ele conta agora a história da Dra. Amani Ballour, uma pediatra que coordena um hospital subterrâneo em meio a toda turbulência da guerra civil na Síria.

Outro forte concorrente é Indústria Americana, de Julia Reichert e Steven Bognar. É o primeiro filme da empresa produtora de Barack e Michelle Obama e o tema não poderia ser mais atual – uma empresa chinesa reabre fábrica em Ohio e enche a população de esperança – muita gente ficou desempregada com o fechamento. O problema são os choques culturais, que ameaçam comprometer o empreendimento. Indústria Americana está na Netflix.

Todos os concorrentes de Petra são muito fortes, e ainda tem Honeyland, de Ljobomir Stefanov e Tamara Kotevska, da Macedônia, premiado na Mostra de São Paulo e que bem pode ser o melhor de todos.

O filme segue uma apicultora que emprega métodos tradicionais para fabricação do mel. Há uma regra – milenar – que diz que o apicultor deve pegar só metade do mel da colmeia, deixando o restante para as abelhas. Chegam novos e ruidosos vizinhos produtores. A vida de Hatidze, a protagonista, sofre uma mudança radical, agravada pelo problema da doença da mãe dela.

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Como documentário, Honeyland segue uma lição do pioneiro Robert Flaherty, de clássicos como Nanook, o Esquimó e Louisiana Story. É encenado, é maravilhoso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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