À luz de velas e com a música de órgão, centenas de católicos se reuniram para celebrar a missa de Natal em Aceh, na Indonésia, a única província sob a lei da sharia neste país de maioria muçulmana.
Em Aceh, não há decorações natalinas nas ruas, devido à proibição nessa região da Indonésia, a única na qual a lei religiosa islâmica foi instaurada. Em sua população, 98% de origem muçulmana, há apenas 6.000 católicos.
A Igreja do Sagrado Coração, construída há quase um século por colonos holandeses, é o único edifício religioso católico na capital da província, Banda Aceh.
Seus 500 fiéis foram autorizados a organizar sua própria cerimônia na noite de terça-feira.
“Não vejo nenhuma dificuldade em termos de relacionamento com os fiéis de outras religiões. Até o momento, a tolerância religiosa é excelente”, disse o padre Augustinus Padang à AFP.
Grupos de direitos humanos têm criticado as autoridades de Aceh pelas penas que a lei impõe aos autores de crimes morais, como açoites públicos por suposto adultério.
Tais normas não são impostas a pessoas não muçulmanas, e o catolicismo é uma das seis religiões oficiais deste país constitucionalmente laico.
A igreja, no centro da cidade e a poucos passos da grande mesquita, não tem decorações natalinas em sua fachada. Em seu interior, está uma grande árvore de Natal enfeitada com guirlandas, enquanto fiéis podem observar a apresentação de um coral.
Uma dúzia de policiais e soldados está posicionada na área, já que cristãos indonésios foram vítimas de vários ataques nos últimos anos.
Os católicos de Banda Aceh preferem uma cerimônia discreta, que permita que se concentrem no recolhimento.
As decorações de Natal são colocadas apenas 24 horas antes da celebração, explica o diretor da igreja, Baron Ferryson Pandiagan.
“Os católicos em Banda Aceh se assimilam bem com outras religiões, apesar das regras de que Aceh deve seguir a lei da sharia. Isso não nos incomoda”, diz Pandiangan.
Mas ser uma minoria em uma região de maioria muçulmana nem sempre é fácil. Há apenas 19 igrejas católicas em Aceh, muito poucas em comparação aos mais de 180 templos protestantes.
Ainda assim, a alegria reina nesta igreja, que se tornou um pequeno oásis de paz para os fiéis.
“Eu me sinto bem e segura para orar aqui, porque a segurança é rígida”, afirma Lisbetty Purba, de 35 anos.
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