Ocorre um fenômeno no mínimo curioso no Brasil. Após a desgraça causada pela esquerda em nosso próprio País pelo PT e na Venezuela pelos bolivarianos, toda aquela massa de gente que sempre flertou com o socialismo, ainda que em sua versão mais “light”, teve que se adaptar, tecer “até” críticas ao esquerdismo. Mas eles morrem de medo de serem acusados de pertencer à direita conservadora, num País em que basta não ser socialista para ser “fascista”. Ó céus, tudo, menos isso!
Portanto, toda crítica ao PT deve ser tímida, e carregada de um “mas” logo depois, que torna a própria direita seu verdadeiro alvo. Sim, o leitor já conhece o tipo, com certeza. “Não sou petista, mas…”: assim começam seus discursos políticos. Ficaram conhecidos nas redes sociais como “isentões”: vivem em cima do muro, rejeitam essa “coisa ultrapassada” de direita e esquerda, e querem pairar acima da “polarização” em curso nos debates.
Em outras palavras: o PT, que representa a esquerda mais radical, foi um fiasco total no poder, conforme a direita liberal previra. E agora eles precisam dar um jeito de salvar o que for possível desse modelo estatizante. Sacrificam alguns anéis (o PT) para salvar os dedos (o petismo). Estão receosos de que o liberalismo avance finalmente no Brasil, após décadas de hegemonia esquerdista.
Por isso precisam bater em espantalhos, criar caricaturas dessa tal direita, inventar rótulos pejorativos, tudo para evitar um debate sincero. A direita passa a ser Donald Trump ou Jair Bolsonaro apenas, e mesmo assim esses são ridicularizados de maneira injusta e exagerada: são “machistas”, “xenófobos”, “intolerantes” e “homofóbicos”. Quem quer que justifique o apoio a esses candidatos com base no argumento de que são menos piores do que as alternativas socialistas será logo demonizado, e fim de papo.
Já repararam como a imprensa em geral trata Trump como a maior ameaça à democracia, o mais autoritário dos indivíduos, ao mesmo tempo em que chama o ditador Fidel Castro, o carniceiro do Caribe, de presidente? E são esses os “moderados”, os “imparciais”. Imaginem só se eles tivessem um viés de esquerda!
A estratégia é conhecida: jogar o centro cada vez mais para a esquerda. Ou seja, até mesmo os tucanos, adeptos da socialdemocracia, são vistos como “neoliberais”, e qualquer um que defender a importância de valores morais será imediatamente rotulado de “ultraconservador”. A palavra que esses anjinhos “neutros” mais usam para definir seus adversários é “radicais”.
Bastou defender o livre mercado na economia ou os valores tradicionais da civilização ocidental, e vira logo um “radical”. Isso vindo dos “moderados” que até ontem elogiavam o PT ou Chávez, e hoje flertam com Rede e PSOL.