Sócia do fracasso econômico e moral do golpe de 2016, a centro-direita nacional busca uma saída. Um dos movimentos aconteceu no Primeiro de Maio, quando Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, parceiros na ponte para o futuro que já virou pinguela, se encontraram para discutir uma eventual aliança que isole candidaturas que ambos consideram radicais, à direita e à esquerda. O que se costura é uma chapa formada por Geraldo Alckmin, do PSDB, e Henrique Meirelles, do MDB, mas esse é um jogo de soma negativa. Tucanos ligados a Alckmin temem se associar ao fiasco econômico de Meirelles, que não produziu crescimento e entrega os maiores rombos fiscais da história do País.

Um segundo movimento busca aproximar Joaquim Barbosa, do PSB, e Marina Silva, da Rede. A senha já foi dada em reportagens recentes, indicando que Marina perdeu capacidade de formar alianças. O que se tenta, agora, é convencê-la a abrir mão de sua candidatura para ser vice de Joaquim Barbosa. Assim, os dois poderiam representar o chamado ‘Partido da Justiça’, com pitadas de inclusão social, uma vez que tanto Marina como Barbosa vieram de baixo – o que permitiria à direita nacional vender a ideia de que a perseguição ao ex-presidente Lula não é um golpe de classe, contra os mais pobres.

A terceira hipótese passa pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que já avisou que pautará uma nova denúncia contra Temer, se ela vier a ser apresentada pelo Ministério Público. Na semana passada, parentes e pessoas próximas a Temer foram interrogadas sobre os supostos repasses financeiros que teriam sido feitos pelo coronel Lima, apontado pela JBS, por empreiteiros e por empresas do setor portuário como um operador de propinas. Como Maia é o sucessor natural de Temer, e também candidato à presidência, ele acalenta o sonho de disputar a reeleição com a caneta nas mãos e tem se mostrado assanhado. Na semana passada, Maia descartou uma eventual aliança com Alckmin e disse que o PSDB é o partido mais rejeitado do País.

Resumidamente, são essas as três principais apostas do bloco golpista, mas a direita tradicional corre o risco de ser atropelada pelos candidatos que se colocam “fora do sistema”. O mais significativo é o deputado Jair Bolsonaro, que se ancorou no economista liberal Paulo Guedes, mas não desperta a confiança das elites, em razão do risco de retrocesso civilizatório que representa. O segundo nome é o do senador Alvaro Dias (Pode-PR), que, embora tenha vindo da política tradicional, se colocou a favor da queda de Temer e pode vir a ser uma espécie de candidato informal da Lava Jato.

Como se vê, a direita nacional está dividida e sem um discurso coerente para explicar porque ajudou a quebrar o pacto democrático, que afastou uma presidente honesta e instalou uma quadrilha no poder. Em 2018, ela terá muita dificuldade para perpetuar, nas urnas, o golpe de 2016.

Em 2018, ela terá muita dificuldade para perpetuar, nas urnas, o golpe de 2016