Chegou uma conta alta para o PT e para Lula da Silva em especial, que sempre deu canetada para salvar amigos de longa data. É fato que ele nunca gostou de sombra no partido. Lula é o rei, prova isso na sexta candidatura da carreira – e quando não pôde, alçou a substituto o pupilo Fernando Haddad como um coringa carismático e obediente ao chefe. Mas vem do Nordeste, justamente da terra natal do petista e importante reduto eleitoral, o maior desafio – mulher, eloquente, de sangue real. Neta do saudoso amigo Miguel, a jovem deputada federal Marília Arraes tentou por três campanhas chamar a atenção para o fenômeno eleitoral que se transformou no Recife. Ainda no PT, ensaiou candidaturas à Prefeitura da capital e ao Governo. Foi rifada por decisão de Lula, para afagar o senador Humberto Costa e o PSB da família Campos, sócia dos petistas nas gestões. Marília pisou no Solidariedade e agora lidera a disputa para o Palácio das Princesas. Lula sentiu o golpe que cravou contra o próprio peito.

A jovem neta de Miguel Arraes tentou, no PT, atrair a atenção de Lula para seu potencial. Esnobada, agora vê o partido de joelhos em Pernambuco

A decolagem de Guaíba

Luis Macedo / Câmara dos Deputados

Uma fábrica de aviões executivos nas instalações fechadas da Ford no município de Guaíba (RS). Esse é o projeto ousado que avança entre importantes gabinetes políticos e escritórios empresariais no eixo Brasília-São Paulo-Porto Alegre. Quem faz o plano de voo é o deputado federal Jerônimo Goergen (Progressistas-RS). E não se trata da Embraer.

Renan e Eunício isolados no MDB

Os caciques do MDB Renan Calheiros (AL) e Eunício Oliveira (CE) tentam demover outros dirigentes do partido de contar com um(a) candidato(a) ao Planalto, diferentemente de 2018 quando Henrique Meirelles foi lançado. O objetivo da dupla é se agarrar ao ex-presidente Lula na disputa. Ao que parece, Renan e Eunício vão perder a parada, já que o PSDB flerta com a senadora Simone Tebet (MS) como nome da terceira via. Em Alagoas, a candidatura de Tebet é problema para Renan, que conta com Lula apoiando Paulo Dantas, o atual governador-tampão e candidato à reeleição. Dantas seria deselegante a ponto de negar palanque a Tebet? Só o tempo dirá.

Janones é o novo Daciolo da eleição?

Paulo Sergio/Câmara dos Deputados

Com índices pífios nas pesquisas, mas com discurso de protesto que angaria seguidores nas redes sociais, o presidenciável André Janones, do Avante (ex-PTdoB), tem conquistado fãs (o que não significa ainda eleitores). Ele garante que pode crescer e incomodar. Janones chamou a atenção dos caciques do PT de Lula e PL de Jair Bolsonaro. Os marqueteiros estão atentos ao seu discurso: Ele pode surgir como um novo Cabo Daciolo (o candidato falastrão de 2018), que ultrapassou Marina Silva no resultado. Janones não ganha, mas tira votos. A literatura eleitoral já provou isso com Enéas, Garotinho e Heloísa Helena.

Há 11 anos, a declaração de amor

Ricardo Stuckert

Rosângela da Silva, a Janja, nova esposa de Lula, cursou em 2011 um mestrado na exclusiva Escola Superior de Guerra, na Urca. A socióloga era funcionária comissionada da Usina de Itaipu na gestão de Jorge Samek, seu protetor – durante o Governo de Lula, claro. À ocasião, sua dedicatória da tese “Mulher e poder: relações de gênero nas instituições de defesa e segurança” foi essa: “Ao meu namorado, que apoiou e incentivou a minha vinda para o Rio de Janeiro, mesmo sabendo das dificuldades da distância que, felizmente, não atrapalhou, só nos fortaleceu”. Janja deixou o nome no mistério.

O mugido de SOS que vem dos pampas

A PM rural gaúcha está literalmente perdida em campo com o aumento de roubo de gados no Sul do Estado. Quadrilhas organizadas assaltam fazendas e levam milhões de reais em cabeças, na surdina da noite. Em caso recente, 30 gados da raça Angus foram furtados. Prejuízo de R$ 200 mil.

BA: Chacina a granel

Uma série de assassinatos de indígenas Pataxó em Porto Seguro (BA) chegou à cúpula da Polícia Civil, em Salvador, e à PF. Em dois meses, quatro foram executados. O primeiro, num protesto contra som alto numa casa de um PM onde os nativos reivindicam a terra. Os índios atearam fogo na residência. Desde então, outros três foram mortos.

Feminicídio preocupa

Dados de feminicídios no DF são assustadores, a ponto de polícia e Governo se unirem num programa de prevenção, como orientações e canais de denúncias. Em 2021, foram 25 feminicídios nas satélites. Esse ano, os casos já são quatro – um no Plano Piloto. As cidades mais violentas são Ceilandia, Paranoá, Samambaia e Sobradinho.

Nos bastidores

Moro em baixa popular
Escanteado na disputa presidencial, Sergio Moro continua enfraquecido. O ex-juiz tem sido contratado para palestras. Numa online, obteve pouco mais de 100 visualizações.

O lobby de Damares
A ex-ministra Damares Alves, que deve sair candidata a deputada, comemora com a primeira-dama Michelle Bolsonaro o avanço na Câmara do PL do homeschooling, com lobby de ambas. Mas o Senado não avaliza.

Um espião do Palácio
Com receio de nova paralisação dos caminhoneiros, diante do alto preço do litro do diesel, o Governo cedeu para o Ministério da Infraestrutura – que faz a ponte com a turma do volante – experiente servidor da ANTT, para negociar com a classe.

Festa sem barulho

O governador Helder Barbalho (MDB), do Pará, sancionou lei que traz alívio aos animais. Mas comprou briga grande com os festeiros: agora é proibido soltar fogos que façam barulho em comemorações.