Em uma extraordinária produção de época, a minissérie “O Gambito da Rainha” conta em sete episódios a história de Beth Harmon, jovem órfã do meio-oeste americano que descobre logo cedo um enorme talento para o xadrez. Inspirada no romance de Walter Tevis, publicado em 1983, a trama traz a carismática atriz Anya Taylor-Joy no papel da personagem cuja atenção se divide entre os tabuleiros, o fantasma da mãe morta e um perigoso coquetel de álcool e tranquilizantes. Escrita e dirigida por Scott Frank (leia texto abaixo), a saga de Harmon acompanha a garota desde as primeiras aulas de xadrez com o zelador do orfanato aos grandes campeonatos mundiais e o glamour que o esporte exercia no público dos anos 1960 — a disputa entre enxadristas americanos e russos era uma metáfora mais que perfeita do tenso clima da Guerra Fria.

A performance arrebatadora e intensa de Anya coroa a escolha de uma atriz nascida para interpretar esse papel. Com seu olhar carismático, que muitas vezes diz até mais do que as palavras do roteiro, ela desfila personalidade enquanto luta contra os demônios que a enxadrista enfrenta. Uma das melhores produções da Netflix em 2020.

Um roteirista na direção

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O roteirista Scott Frank (foto) escreveu sobre os dilemas dos jovens em “Anos Incríveis”, série da década de 1980 que fez grande sucesso no Brasil. Também foi o roteirista de “Mentes que Brilham”, filme dirigido por Jodie Foster que mostrava a relação das crianças superdotadas com os pais. Em “Gambito da Rainha” — título em homenagem a uma jogada de xadrez —, Frank une os dois assuntos de forma sublime ao liderar o projeto, não só como roteirista, mas como diretor dos sete episódios da minissérie.

Sua produção anterior, “Godless”, já havia sido indicada a 12 prêmios Emmy. Frank também foi indicado duas vezes ao Oscar pelos roteiros de “Irresistível Paixão” e “Logan”.