Um caixa de R$ 150 mil por mês e a cobiça por vagas na direção, um embate com aliados e a dissolvição da Comissão de Ética da entidade – o que rendeu briga e o presidente afastado judicialmente. O scripti parece das entranhas de um partido, mas aconteceu na Cruz Vermelha do Brasil. Na terça-feira, no que se suspeita ser retaliação, o site da Cruz saiu do ar. No foco está o presidente Júlio Cals de Alencar. Emparedado pela Comissão de Ética por prática de nepotismo e por acumular cargos, ele demitiu os colegas. As seccionais da CVB de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Norte acionaram então a Justiça para conseguir restabelecer a Decisão 28/2023 da Comissão, que determinara o afastamento temporário de Alencar. Contra ele pesam críticas por empregar a namorada no escritório de Brasília e o irmão dela como responsável pela TI (redes e site). Além disso, já reclamações de salários atrasados de até dois meses. A assessoria da entidade informou que tratava do assunto no âmbito jurídico.

Casos de salários atrasados e nepotismo mancham a imagem da Cruz Vermelha no Brasil, e chegam ao Judiciário com afastamento do presidente

Pouca punição para muita briga

Em oito anos, das 110 representações analisadas no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, apenas oito terminaram em punição. Seis foram censuras verbais. Outros dois casos são da ex-deputada Flordelis (atualmente presa) e do ex-presidente da Casa deputado Eduardo Cunha. Ou seja, mais de 70% dos parlamentares que foram julgados no Conselho entre 2015 e 2023 tiveram seus casos arquivados, segundo levantamento da Coluna. Alguns deputados têm seus nomes citados várias vezes em casos na gaveta. Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro, ambos do PL paulista, batem recorde de representações no Conselho, com cinco e 12 representações, cada.

BB (ainda) blindado

Divulgação

O apetite do Progressistas não passou da Caixa. No BB, a demanda do neoaliado do Governo só freou porque o banco, de capital misto, tem ingerência de sócios fundos de investimentos. Um deles, o Blackrock, foi o principal padrinho da atual presidente Tarciana Medeiros, que chegou a fazer visitas com conselheiros durante sua campanha para a vaga.

Caiado & Marconi, uma surpresa em Goiás

“Votar a Reforma Tributária agora é um tratoraço que ninguém deveria aceitar”, diz Ronaldo Caiado (Crédito:Sérgio Lima)
Sérgio Lima

Ronaldo Caiado vislumbra um salto maior na política para além do Goiás, o rico Estado que hoje governa em 2º mandato. Para isso, precisa resolver arestas no reduto. E isso passa, inevitavalmente, por conversas com adversários a fim de um projeto comum. Ele busca uma reaproximação com o rival e ex-governador Marconi Perillo (PSDB) – outro que, assim como Caiado agora, já sonhou com o Palácio do Planalto. O projeto indicaria um apoio de Caiado ao retorno de Marconi ao Palácio das Esmeraldas. E deste a Caiado, como um candidato a presidente ou a vice, em alguma chapa avalizada pelo poderoso agronegócio.

Dantas ganha um inimigo oculto

Bruno Dantas
SECOM/TCU

Apesar de ter apoio velado do senador Renan Calheiros (MDB-AL), do ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) e boa parte do MDB à sua candidatura ao Supremo Tribunal Federal na vaga de Rosa Weber, em outubro, o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, ganhou um inimigo poderoso. Trata-se de Arthur Lira, presidente da Câmara. Por mera implicância deste com os Calheiros, seus rivais no reduto alagoano. Lira já até fez chegar discretamente ao presidente Lula da Silva que seu grupo (e conte-se aí uns 200 deputados que lidera) não avaliza Dantas. Mas a caneta é de Lula, se sabe.

Gerdau “larga o aço” na cliente

Não está fácil a vida da nova OAS, que trocou o nome para Metha. A poderosa Gerdau, uma de suas principais fornecedoras, quer pedir falência da empresa por atrasos em pagamentos milionários. Na falta de acordo prévio, evidente.

Dupla mira a Amil

José Seripieri Filho, o Júnior, que fundou a Qualicorp e Qsaude, e vendeu o grupo por bilhões de reais, tem dialogado com o investidor Nelson Tanure para que se associem na compra da Amil. Depois que se desfez da Qsaude, Junior está em busca de um novo negócio na área que sabe fazer negócios, na qual Tanure já tem um pé com a Alliar.

O alerta do BC

Presidente do Banco Central, Campos Neto tem alertado a amigos próximos (e poderosos) que a inflação está bem acima da meta, olhando para um futuro próximo, sem perspectiva de baixa. E solta que a solução “não depende só do Governo”. Argumenta que depende de medidas do Judiciário, também, e de mandatários no Congresso Nacional.

NOS BASTIDORES

Manda quem pode

O senador Ciro Nogueira está mandando muito. Emplacou os amigos André Fufuca, nos Esportes, e Dr. Luisinho, na liderança. Quer Marcelo Ponte como Secretário de Fufuca.

O poder de Dirceu

O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) almeja a recondução à liderança do partido. Ele tem recorrido ao poder do pai, o ex-ministro que, a despeito da distância do Palácio, tem mandado muito ainda.

Turista à luz de vela

A Coelba paralisou há um ano serviço de melhoria na rede da turística aldeia Xandó, em Caraíva (BA). Alega que precisa de aval do Ministério do Meio Ambiente e da Funai. A pasta empurrou para a Fundação, que sentou em cima do processo.

Pós 8 de Janeiro

Depois de 24 anos, o Decreto 11.693 do presidente regulamentou o funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência, o famoso Sisbin. No meio do embate entre civis e militares pelo comando do setor.