Joan Didion não é socióloga nem filósofa, mas conseguiu como poucos transformar em palavras o verdadeiro espírito da América. Seu primeiro livro, “Rastejando até Belém” (Todavia), lançado em 1968, traz 22 crônicas sobre personagens que marcaram a década de 1960 nos EUA, como a cantora Joan Baez, o ator John Wayne e o milionário Howard Hughes. Dona de um estilo literário primoroso, que alterna a observação crítica com uma reflexão pessoal, Joan é uma espécie de terapeuta da sociedade americana. Nasceu na Califórnia e depois mudou-se para Nova York, o que a permitiu ter uma visão ampla sobre essas duas Américas – a da contra-cultura, gerada em Los Angeles, e a da própria cultura, concebida a partir de Manhattan. Sua obra inclui reportagens, romances e ensaios, como os premiados “Álbum Branco” e “O Anodo Pensamento Mágico”, além de roteiros para cinema,a exemplo de “Nasce uma Estrela” (1976), com Barbra Streisand. Tão interessante como seus textos, sua vida pessoal regada a viagens e festas de celebridades ao lado do também escritor John Gregory Dunne pode ser vista no documentário “Joan Didion: The Center Will Not Hold”, dirigido por seu sobrinho, Griffin Dunne, e disponível na Netflix.

Poucos livros, muita fama

Se usasse saias, Fran Lebowitz seria uma “Woody Allen de saias”. Mas com uma diferença: ao contrário do diretor, que dirigia um filme por ano, Fran é escritora bissexta, com poucos livros e muita fama. Na série “Faz de Conta que Nova York é uma Cidade”, ela desfila seu verdadeiro talento: falar. Tem opinião sobre tudo, sempre com um mau-humor ácido que a tornou uma figura famosa. Além de ser amiga do diretor Martin Scorsese, sua maior qualidade é ser considerada uma instituição nova-iorquina, assim como os turistas da Times Square ou os pombos do Central Park.