A peça A Comédia Latino-Americana estreia nesta sexta-feira, 7, no teatro do Sesc Vila Mariana, mas já teve uma exibição em Santos, no mês passado, durante o Festival Mirada. Engana-se, porém, quem acredita já tê-la visto, depois da sessão no litoral. “Agora, é outro espetáculo”, garante o diretor Felipe Hirsch. “Das 3h40 apresentadas em Santos, sobrou pouco mais de uma hora – o restante é completamente novo.”

Antes que se julgue mal a qualidade das cenas deletadas, é preciso lembrar que A Comédia está inserida em um ambicioso projeto iniciado em fevereiro, quando estreou A Tragédia Latino-Americana, em que Hirsch e um grupo de artistas (entre atores, músicos e escritores) busca questionar a realidade do continente, atropelada por sobressaltos políticos e sociais. E a reflexão acontece por meio da literatura latina, fornecedora dos textos interpretados pelos atores. “O espetáculo que estreia agora é diferente do visto no Mirada especialmente no segundo ato, que era mais experimental e que agora contém mais material que faz ligação direta com a Tragédia”, explica Hirsch.

Um dos principais encenadores brasileiros, Hirsch mudou o curso de sua carreira em 2013, quando montou Puzzle, fantástico projeto explosivo cujas cenas inspiradas em textos de autores nacionais refletiam sobre questões como violência, consumo desenfreado e até manifestações de rua. Não foi por coincidência que, naquele ano, a expressão popular se tornou mais evidente quando as pessoas passaram a protestar em locais públicos. Uma ruptura revelou-se inevitável e Hirsch a refletiu dentro do palco.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.