As águas do lago de Itaipu já foram mais calmas na divisa entre Brasil e Paraguai. O contra-almirante Anatalício Risden, diretor geral da usina binacional por parte do Brasil, foi escalado pelo ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque para a renegociação do Anexo C do Tratado com os paraguaios, que vence em 2023. Contratou como assessor um almirante da reserva que, segundo consta entre gabinetes, centraliza informações. O Ministério de Relações Exteriores chamou especialistas em Direito Internacional. No Congresso, o deputado federal Gustavo Fruet (PDT-PR) apresentou um Projeto de Lei específico para a renegociação e elaborado por técnicos da binacional – a Comissão de Minas e Energia da Casa escolheu o deputado Filipe Barros (PL-PR) para relator. O resultado surgiu há dias, com audiência pública, e todos descobriram perplexos a necessidade de tantas consultorias. Relatos oficiais indicam que o Brasil não tem autonomia do seu lado e tudo na gestão deve ter aval dos paraguaios.

Relatos de gestores indicam que o Governo do Brasil não tem autonomia na gestão, e tudo deve passar pelas mãos dos paraguaios, que se acham donos

A Ciência vai mal

UFRJ

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico tem dados alarmantes sobre a baixa produção científica. Aponta que caiu consideravelmente a importação de insumos (os isentos de impostos!) para pesquisa nas universidades. Foram US$ 193 milhões em 2021, via 180 entidades, contra média de US$ 300 milhões nos dois anos anteriores.

STF: 60 seguranças a R$ 48 milhões

É alta a conta da provocação e ameaças de morte e de violências contra ministros do Supremo Tribunal Federal – nas redes sociais, em cartas e ruas. A Corte mantém desde 2017 contratos de R$ 48,9 milhões com três empresas para “prestação de serviços de apoio operacional na área de segurança pessoal privada armada”. Dois deles são com a Esparta Segurança – que somam mais de R$ 41 milhões – cujos profissionais são considerados a elite da tropa do terno preto. São os agentes que fazem escoltas nas dependências do STF, nas ruas em Brasília, e em viagens oficiais dos ministros. Algums dos togados são acompanhados até por oito seguranças.

Planos de Bolsonaro ficaram no papel

Mateus Bonomi

As 81 páginas do programa de Governo do então candidato Bolsonaro em 2018 ficaram na falácia do agora presidente – e será cobrado por isso. Uma leitura atenta à proposta “O Caminho da Prosperidade” mostra que dezenas de promessas não saíram do papel. Garantia que teria “um governo sem toma lá-dá-cá, sem acordos espúrios”. Quase quatro anos depois, o Planalto virou refém do Centrão, um consórcio de partidos fisiológicos, com direito a orçamento secreto e altos cargos. O plano também falava em “imprensa livre”. Em 2020, foi revelado que um ministro do Governo monitorou jornalistas críticos à sua gestão.

Capixabas querem ferrovia da Vale

Divulgação

Empresários do Espírito Santo que trabalham com logística e armazenamento de carga querem colocar nos trilhos plano de aproximação com a Vale para aproveitar a ainda ociosa ferrovia que liga Minas Gerais ao Estado, depois da redução das atividades de mineração com os rompimentos de duas barragens e os problemas judiciais. O PIB do Espírito Santo depende, em boa parte, das exportações pelo Porto de Vitória, e a ferrovia da mineradora pode ser um canal de escoamento melhor aproveitado. A Samarco, aliás, retomou recentemente as atividades no porto de Ubu, no litoral meio-norte capixaba.

MDB com os pés em dois palanques

Os emedebistas do DF estão numa sinuca de bico sobre subir no palanque de Simonte Tebet ou Bolsonaro. O diretório indicou que o governador Ibaneis Rocha abrirá palanque para o presidente. Agora, é cobrado pela senadora a se definir. Ibaneis lidera as pesquisas e, quieto, não polemiza.

Calheiros faz mistério

Renan Calheiros avisou aos próximos que não vai ser candidato à reeleição após 2027. Preparar o terreno para o herdeiro, o filho ex-governador, que disputa o Senado esse ano. Quem entende do jogo aposta que o pai coordenará a campanha de Lula em Alagoas e sonha com dois ministérios – um para ele, outro para um apadrinhado.

Nos bastidores

O mayday dos pilotos
Comandantes de aéreas do Brasil estão receosos com lobby das empresas no Congresso pela aprovação de uma lei que permite terceirização e contratação de mais estrangeiros.

Pazuello e os aspones
Vão-se anéis e ficam os dedos. O ditado popular cai bem para o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Assessor especial da Presidência da República, não circula com menos de dois assessores fardados.

Vaivém das poltronas
A turma de Brasília se apega a um mandato. Cinco ex-governadores confirmam candidaturas à Câmara: Rollemberg (PSB), Abadia (UB), Rosso (PP), Agnelo (PT), Cristovam (Cidadania). E dois ex-vices também: Renato Santana (PP) e Filipelli (MDB).

Terra de Malboro?

Há três meses um mistério ronda as mesas de delegacias de Belém. Ninguém sabe, ou não quer saber, quem são os três policiais à paisana que trocaram tiros com ladrões num restaurante. Um cliente morreu.