O secretário da Fazenda do governo de São Paulo, Henrique Meirelles, prepara a execução de um plano para a retomada da economia paulista para o período de 2021 a 2022, o que deverá permitir ao estado obter índices de crescimento similares aos da China. Meirelles disse à ISTOÉ que o projeto prevê a atração de capitais no valor de R$ 36 bilhões para a implantação de 19 novos projetos de infraestrutura. Dessa forma, São Paulo crescerá 5% no ano que vem, acima dos 3,5% que o Brasil deverá crescer em 2021. PIB de 5% é ritmo chinês. “Já temos muitas empresas estrangeiras interessadas nos nossos projetos, inclusive da China e da Espanha”, disse Meirelles. Esse maior desenvolvimento paulista já havia se manifestado em 2019, quando o Brasil cresceu 1% e São Paulo, 2,4%.

Descolando

Meirelles explicou que, assim, o estado se descolará dos efeitos negativos que pesam sobre a política do governo federal. Está conversando com investidores estrangeiros por teleconferência e, tão logo a vacina contra a Covid esteja disponível, dará início a viagens internacionais. O Fórum Econômico Mundial, em Davos, em julho, está na agenda.

Empregos

Entre ouras coisas, Henrique Meirelles anunciou que o estado concederá à iniciativa privada o complexo esportivo do Ibirapuera, que será transformado em um moderno centro de eventos. O secretário estima que os projetos criem até 2 milhões de novos empregos. “Será um dos programas de geração de emprego e renda dos mais arrojados do País”, disse.

Abraço de afogados

Daniel Teixeira/Estadao

Celso Russomanno segue sua sina de começar liderando a disputa para a Prefeitura de São Paulo e terminar fora do segundo turno. Liderava as pesquisas em setembro com 29% e agora caiu para 20%. Tudo após se aliar a Bolsonaro, muito rejeitado em São Paulo. A rejeição de Russomanno também aumentou de 21% para 38%. É o chamado abraço de afogados. Sorte de Bruno Covas, que subiu de 20% para 23%.

Retrato falado

“O Congresso, infelizmente, não representa os interesses dos mais pobres”

Waldemir Barreto/Agência Senado

O senador Fabiano Contarato reclama que o Congresso não representa adequadamente os interesses dos mais pobres e das minorias, como homossexuais, quilombolas e indígenas. “É muito grave quando se vê que o próprio presidente dá respaldo para que a sociedade tenha um comportamento homofóbico, preconceituoso, machista e misógino.” Defende que o senador-cueca Chico Rodrigues seja cassado pela comissão de ética e que a prisão após segunda instância volte a ser implantada.

Comida cara

Em outubro, a inflação chegou a 0,94% ao mês. Foi a maior alta para o mês de outubro desde 1995. No mês passado, a inflação atingiu 0,64%, que já havia sido o pior setembro desde 2003, quando a inflação bateu em 0,78%. A alta expressiva da inflação se deve aos alimentos. Óleo de soja, arroz e carnes subiram, respectivamente, 22,34%, 18,48% e 4,83%. O vilão é a desvalorização do Real, exportações desenfreadas e o aumento do consumo dos mais pobres por causa do auxílio emergencial. Para este ano, a inflação planejada é de 2,1%. É claro que a inflação ainda não é um bicho-papão, mas assusta essa tendência de alta. Gato escaldado tem medo de água fria.

Metas

É fato que os índices apurados pelo IBGE continuam dentro da meta. Afinal, o BC estimou a meta inflacionária em 4% (com 1,5% para cima ou 1,5% para baixo, entre 2,5% e 5,5%). Mas, nunca é bom vacilar com o dragão. O ministro Paulo Guedes já mostrou que nem tudo o que ele planeja acaba dando certo.

Caça-fantasmas

Isac Nóbrega/PR

Na sexta-feira, 23, Bolsonaro comemorou a chegada do primeiro Gripen, o caça comprado pela FAB junto à sueca Saab (o Brasil adquiriu 36 caças por R$ 25 bilhões). Os aviões serão usados para patrulhar o espaço aéreo contra “inimigos externos”. Como a guerra do Brasil é contra a Covid, o dinheiro poderia estar sendo usado para comprar vacinas.

Perna curta

E Bolsonaro jactou-se por um negócio feito pelo PT de Dilma. Foi ela quem autorizou a compra dos Gripen. Lula queria que os caças fossem franceses. O problema é que o Gripen tem autonomia pequena de voo — um raio de 1.500 kms para combate. Como ficará baseado em Anápolis, não conseguirá chegar à fronteira com a Venezuela. Que Maduro não saiba.

Moro vai advogar

Pedro Ladeira/Folhapress

Como 2022 está muito longe, o ex-ministro Sergio Moro decidiu iniciar uma nova carreira: vai montar escritório de advocacia. “Devo advogar em compliance, investigação corporativa e políticas de integridade”, informou Moro à ISTOÉ. Ele já está com a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em mãos.

Toma lá dá cá

Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal

Zanone Fraissat/Folhapress

O senhor acha que o presidente deve depor presencialmente no inquérito que investiga a interferência na PF?
Não será uma decisão monocrática minha. O plenário irá julgar se será presencial ou por escrito. Será a primeira vez na história do Supremo que o plenário decidirá sobre essa questão.

Os inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos estão para ser encerrados?
Espero que até o final de novembro possamos relatá-los e enviá-los à Procuradoria-Geral da República.

Qual é a sua conclusão sobre os fatos investigados?
As provas apontam para a existência de milícias digitais dedicadas a abalar as instituições democráticas. O Supremo já mostrou, porém, que não vamos nos acovardar em relação às ameaças recebidas.

Rápidas

• O presidente do STF, Luiz Fux, dá mais uma demonstração de que Bolsonaro não vai continuar com a vida fácil no Poder Judiciário como tinha no tempo de Dias Toffoli. Sugeriu que o Supremo deve obrigar o governo a comprar as vacinas que forem aprovadas pela Anvisa.

• O Brasil se juntou a outros 30 países retrógrados, como Uganda e Arábia Saudita, para assinar uma declaração contra o aborto. Os outros 164 países se recusaram a assinar: cabe à mulher decidir sobre a sua gravidez.

• O ministro Alexandre de Moraes, que comanda as investigações do STF contra as fake news, esclarece que os filhos do presidente, Eduardo e Carlos, foram ouvidos no inquérito como testemunhas e não como investigados. Por ora.

• O senador Flávio Arns lembra que a corrupção desvia anualmente R$ 200 bilhões dos cofres públicos. Se o país combatesse a corrupção, teríamos recursos para os programas de transferência de renda aos mais pobres.