A carteirada de Bolsonaro para sua filha

José Cruz/Agência Brasil
Jair Bolsonaro e sua filha, Laura, cumprimentam apoiadores antes de embarcar para o Guarujá Foto: José Cruz/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro traz no DNA a transgressão e o patrimonialismo. Já a desfaçatez não é ela uma questão genética, é falta de educação de berço. Bolsonaro pediu ao Exército que matricule a sua filha na Escola Militar de Brasília, mas sem submetê-la ao exame seletivo. De duas, uma:

Ou o presidente não confia nos recursos cognitivos e no repertório intelectual da filha (o que é péssimo para ela, a filha), ou o presidente considera que escolas militares são uma balbúrdia, com gente entrando na base do apadrinhamento e sem prestar exame (o que é péssimo para elas, filha e instituição militar).

O artigo 152 do regimento que trata das escolas militares é bastante claro: têm direito de não se submeter a exames as crianças órfãs de pais militares e os filhos de oficiais que estão em missão oficial no exterior. Ou seja: o regimento nem sonha em matricular alguém somente porque o papai presidente quer. Há também o aspecto da segurança, mas aí é preciso olhar a situação com clareza: quem corre risco de morte são filhas e filhos de democratas, ameaçados que são, constantemente, pela trupe bolsonarista radical.

Bolsonaro acha que sua filha pode ingressar em instituições militares de ensino sem ser avaliada em conhecimento e sem prova seletiva por um único motivo: ela é filha de Bolsonaro. Espera-se que o comandante do Exército tenha um mínimo de discernimento e coragem de não tocar esse bumbo – se tocá-lo, o louco seguirá dançando.