Parece, mas não é: a carne moída vegetal é produzida a partir de uma combinação de aromatizantes e temperos naturais, grão de bico, proteína isolada de soja e ervilha e até fibra de caju. O objetivo é simular o gosto, o aroma e a textura do produto original. São as chamadas carnes ‘plant based’, uma tendência que ganha força nas prateleiras das grandes redes de supermercados do País. E chegam com um apelo moderno, ligado à sustentabilidade e ao fim do abate de animais.
Entre as empresas que despontam nesse novo nicho está a americana Impossible Food, a startup chilena NotCo, que produz a maionese NotMayo e o leite vegetal integral NotMilk, e as brasileiras Amazonika Mundi e The New, “food tech” fundada em 2019 pelo engenheiro Bruno Fonseca, que produz nuggets, filés e hambúrgueres vegetais. Há ainda as opções “sustentáveis” feitas com carnes artificiais cultivadas em laboratório a partir de células captadas de animais por biópsia. A brasileira BRF prevê lançar um produto nessa linha em 2024, em parceria com uma startup israelense. “A biotecnologia promete uma revolução na pecuária. Há investimentos em fazendas de carne cultivada que não terão sequer pastos de animais. A engenharia genética ganhará ainda mais força”, afirma Helton Pereira, chef e docente da área de gastronomia do Senac.

INOVAÇÃO A Amazonika Mundi produz carne de siri a partir de fibra de caju: solução original (Crédito:Divulgação)

“A carne feita de plantas e fungos mudará o que comemos”, informava o anúncio da conferência “O Futuro da Carne” na Consumer Eletronics Show (CES), maior feira de eletrônicos do mundo, em Las Vegas (EUA), na semana passada. Este ano a tecnologia alimentar chegou ao evento por meio da Food Tech Exhibit, exposição que trouxe uma série de novidades. A Impossible Foods, da Califórnia, pioneira no setor de hambúrgueres ‘plant based’, quer eliminar a carne animal de sua cadeia de produção até 2035; a Bear Robotics, de Inteligência Artificial, apresentou um robô autônomo capaz de servir bebida e comida; a empresa coreana Yangyoo lançou uma alternativa de queijo vegano. É um mercado que tem atraído tanto investidores bilionários como Jeff Bezos, da Amazon, quanto “food techs” e, claro, consumidores ávidos por comidas saudáveis.

A carne artificial ou feita de plantas, no entanto, não é unanimidade. Bruna Kao, chef e consultora gastronômica, não vê comprovação de que esse tipo de produção é sustentável. “São ingredientes artificiais que não se enquadram no contexto de alimento saudável. Experimentei um queijo “plant based” que parecia feito de plástico. Por que a necessidade de comer bacon artificial? Vá comer alface”, afirma.