Presidente dos Estados Unidos, o país que mais fabrica armas no mundo e também o que mais exporta, Joe Biden veio a público “fazer um apelo urgente” por restrições ao acesso a armas de fogo, na esteira da mais recente e devastadora chacina envolvendo uma escola: 19 crianças e dois adultos foram mortos em Uvalde, no Texas, assassinadas por um atirador de 18 anos na terça-feira, 24. Mais uma tragédia na série americana.

Em seu discurso, Biden pediu que cidadãos enfrentem o lobby das armas, ao culpar fabricantes e apoiadores pelo bloqueio no Congresso de leis “mais sensatas” para o setor. “Quando, em nome de Deus, vamos enfrentar o lobby das armas? Quando, em nome de Deus, vamos fazer o que todos nós sabemos que precisa ser feito?”, falou, acrescentando que os americanos devem pressionar os congressistas para que aprovem as tais leis sensatas.

Biden vem de tragédias familiares, mas pedir sensatez com armas liberadas e vendas que, de acordo com o Departamento de Estado dos EUA, alcançaram US$ 138 bilhões (perto de R$ 665 bilhões) em 2021 – ainda antes da guerra na Ucrânia? No way.

Das vendas internacionais entre 2017 e 2021, os EUA foram responsáveis por 38,6% do total enviado ao mundo, contra 32,2% entre 2012 e 2016, de acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo.

Na mesma terça-feira, 24, uma operação policial – oficial, portanto – no Rio de Janeiro deixava 25 mortos na Vila Cruzeiro, incluindo uma mulher baleada dentro de casa. Aqui, as armas já em poder de traficantes e milicianos vão se somando às “legais”, que aumentam em quantidade estratosférica com o esforço debochado de quem está na presidência do país. E esse nem se dá o trabalho de falar sobre chacinas, ou o que vamos enfrentar em prazo bem curto, com essa liberação de armamentos pesados para indivíduos à sua semelhança.