” A cadela fascista está sempre no cio”, já dizia o dramaturgo alemão Bertold Brecht. No Brasil, ela deu cria e os agressores estão por toda parte. Uma presidente eleita com 54 milhões de votos foi afastada sem crime de responsabilidade. Uma vereadora negra, ativista dos direitos humanos, foi executada há um mês e até agora não se sabe quem são seus assassinos. Tiros foram disparados contra a caravana do ex-presidente Lula e nada se fez para punir quem puxou o gatilho. Se nada disso bastasse, Lula, o melhor presidente da história do Brasil segundo dizem os próprios eleitores, foi encarcerado e colocado numa solitária, depois de um processo contestado por juristas do Brasil e do mundo. Além disso, dez governadores e três senadores da República que tentaram visitá-lo foram barrados.

Dias depois, o simulacro de uma investigação republicana caiu por terra. Os processos contra o governador Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência da República, foram enviados à Justiça Eleitoral. Sabe-se agora que a “justiça” brasileira tem lado. Defende os poderosos e aqueles que estejam dispostos a entregar as riquezas nacionais às forças do imperialismo e do capital internacional. Com isso, lá se vão pré-sal, Embraer, todas as grandes empresas nacionais e, em breve, a Petrobras. Quem ousar reclamar, em breve levará balas de borracha. Não será surpresa se, em sua próxima iniciativa, o golpe de 2016 decidir classificar como terroristas movimentos como o MST e o MTST.

A consequência desse processo está nas ruas. Os fascistas sentem-se empoderados. Se a máquina opressora do Estado só funciona a seu favor, e com um nítido viés contra o campo progressista, eles se verão livres para ofender, agredir e, quem sabe, até matar seus adversários, cientes de que estarão sempre impunes. Se até Lula, que fez com que o Brasil fosse respeitado no mundo como nunca antes em sua história, foi desumanizado e privado dos mais elementares direitos consagrados na Constituição, por que razão os militantes de esquerda seriam poupados?

Nesse cenário, o Brasil poderá viver o período mais catastrófico de sua história, com uma campanha presidencial marcada pela apatia ou por uma violência extrema – isso, é claro, se houver eleições. Diante desse cenário, a saída que se impõe, ao campo democrático, que hoje já não pode mais contar com figuras como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que rompeu a linha divisória ao considerar justa a prisão de Lula, é a construção de uma ampla frente antifascista, que lute pela cidadania, pela retomada da soberania e pela proteção aos direitos humanos. Além disso, é preciso que o mundo civilizado socorra o Brasil diante da ameaça fascista. Antes que seja tarde demais.

Se a “justiça” tem lado, os fascistas se sentem empoderados e livres para agredir e até matar adversários