Para entender o presente é preciso conhecer o passado. Reflexo do avanço tecnológico, a alta na procura por exames de DNA, que revelam a ancestralidade, dispara no Brasil. Com apenas uma gota de saliva, milhares de brasileiros podem mergulhar no passado. E, dessa forma, os especialistas conseguem ler o genoma dos pacientes — informação hereditária de um organismo — e traçar ligações genéticas.

O custo do procedimento varia entre R$ 199 e R$ 799, mas seu resultado é bastante preciso. Graças às parcerias com artigos científicos e bancos de dados públicos globais, é possível descobrir a porcentagem étnica e construir árvores genealógicas. Mayana Zatz, professora de genética da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que a tecnologia é tanta que alguns exames conseguem até alertar os pacientes dos riscos de doenças hereditárias. “Os testes são sofisticados e precisos”, diz.

“Já quero fazer outros” Xan Ravelli, criadora de conteúdo digital (Crédito:Divulgação)

Para Ricardo Di Lazzaro, médico e sócio-fundador da Genera, laboratório referência em testes de ancestralidade e de DNA, a busca por autoconhecimento é o que mais atrai os pacientes, pois muitas vezes só o DNA pode responder certas dúvidas. “A procura aumentou quase vinte vezes entre 2019 e 2020”, conta. “Eu imagino que um dia será feito no SUS”, reforça. O Brasil é um País extremamente miscigenado e, mesmo assim, algumas comunidades étnicas não tiveram referências de seu passado, como a população preta, afetada pelas mazelas da escravidão.

Embora a maioria da população seja negra, nas escolas pouco se aprende sobre a África e as famílias têm informações escassas sobre sua origem, o que ajuda a entender a importância dos exames. “Meu teste apontou 76% de ligação com a África, foi muito emocionante”, diz Xan Ravelli, criadora de conteúdo digital. “A gente cresce sem referência”, conta. Como muitos brasileiros, Xan cresceu com raras informações sobre seus antepassados, mas após o resultado do teste, vai mergulhar de vez na própria história. “Eu já quero fazer outro, só para saber das minhas etnias”, afirma.