Executivos da Paper Excellence reclamam das ações judiciais contrárias à compra da Eldorado Celulose, mas segundo analistas de mercado a empresa de origem sino-indonésia está satisfeita com o enrosco: com a briga na Justiça, a Paper bloqueia planos de expansão da Eldorado e impede o crescimento da brasileira, que seria sua principal concorrente. Com o congelamento dos planos de investimentos da Eldorado, a Paper avança no mercado internacional de celulose. A Eldorado projeta construção de sua segunda linha de produção, que elevaria a capacidade anual de produção de 1,8 milhão para 4 milhões de toneladas. A Coluna apurou que a Paper, sua sócia minoritária, rejeitou o investimento. A Paper disputa na Justiça com a J&F o controle acionário da Eldorado, proprietária ou arrendatária de cerca de 400 hectares de terras. Pela lei 5.709/71, grupos estrangeiros só podem comprar ou arrendar grandes extensões de terra no Brasil com autorização do Congresso Nacional. O que a Paper não tem.

Ao travar batalha jurídica com a sócia no Brasil, Paper bloqueia avanço da Eldorado no mercado internacional, e a sino-indonésia lucra com isso

A Paper Excellence enviou nota em que nega estar bloqueando a expansão da Eldorado, mas admite que só faria o investimento na duplicação da fábrica se assumisse o controle da empresa e não contesta que se beneficia no mercado internacional de celulose com a briga barrando a expansão da Eldorado. “A informação de que a Paper bloqueia a expansão da Eldorado não tem o menor sentido, uma vez que a multinacional comprou a empresa brasileira por 15 bilhões. Além disso, já anunciou planos de investir R$ 16 bilhões na duplicação da fábrica do Mato Grosso do Sul, assim que assumir o controle da Eldorado”.

Estranha rota dos seguros no MAPA

O Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, o ex-deputado Neri Geller entrou na mira de gente graúda que passa lupa nos cotidianos do caixa público. Suas andanças por São Paulo atrás de bilionárias seguradoras do Seguro Rural, de acordo com contatos que sabem da agenda, chamaram a atenção dentro da pasta. Geller organiza encontros com o setor. Oficialmente, é o Banco do Brasil quem trata do assunto. Alertado, o ministro Carlos Fávaro levou o assunto ao Palácio do Planalto. Ronda a cadeira Valtenir Pereira, ex-deputado federal apadrinhado de Alexandre Padilha, e assessor especial do presidente Lula da Silva.

A Bomba Barroso

A briga que trava o Brasil

Uma palestra do presidente do STF na PUC-Rio caiu como bomba na instituição de ensino católica. Luiz Roberto Barroso defendeu grande debate para legalização do aborto. O cardeal Dom Orani Tempesta decretou intervenção na direção da PUC e nomeou conselho para “acompanhar” a gestão. O reitor, Pe. Anderson Pedroso, criticou vazamento do documento.

Valdemar passa o batom no sisudo PL

O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto
O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto (Crédito:Valter Campanato/Agência Brasil)

Presidente de um PL com cara, jeito e DNA de machão bolsonarista, como seu ícone eleitoral (cassado), Valdemar Costa Neto corre para cumprir a lei e filiar mulheres para as campanhas municipais, e fazer jus aos quase R$ 900 milhões do fundo eleitoral. Um terço disso deve ser investido em candidaturas femininas. Valdemar planejou centenas de diretórios do PL Mulher Brasil adentro e conta com Michelle Bolsonaro como garota-propaganda da sigla. A cada mês são, por baixo, quatro novos diretórios. E a ex-primeira-dama visita a maioria deles. Inelegível, porém não proibido de fazer ato, o marido vai junto.

Lula volta vingativo, não Mandela

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa durante evento no Museu de Arte do Rio de Janeiro - AFP
AFP

Alçado a presidente da República pela 3ª vez, Lula da Silva tem chances de fazer História como o presidente mais longevo do País eleito democraticamente, mas preferiu sair da cadeia com perfil vingativo, embora pudesse copiar Nelson Mandela – a quem já se comparou, a despeito das trajetórias diferentes. Mandela abraçou a todos e fez um Governo de coalizão, sem olhar para trás. Lula insiste no rancor com seus algozes do Judiciário, e há quem aponte suas digitais nos aliados do Congresso na degola de Deltan Dallagnol da Câmara, e na pressão para cassação de Sergio Moro no Senado.

R.S.V.P não funciona bem no PT

O ex-ministro José Dirceu comemorou 78 anos em Brasília com grande festa e um desfile de figuras suprapartidárias. A ausência mais notada foi a da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffman. O presidente Lula da Silva deu um pito em Gleisi. Ele lembrou que seu cargo é institucional.

Papel incendiário

Em São João de Meriti (RJ) a Secretaria de Administração comprou papel sulfite para impressora a laser por R$ 829 mil. Na descrição, são 5 mil resmas, cada uma de 2.500 folhas. O valor unitário é de R$ 165,70. Nas papelarias, material similar não passa de R$ 145, no preço de varejo. No atacado, o ‘choro’ ainda rende um bom desconto.

Alta: TI e hospedagem

A Central Brasileira do Setor de Serviços, em recente pesquisa, descobriu forte crescimento na tecnologia de informação (111%) e no setor de alojamentos (108%) – hospedagens por aplicativos – em relação à última sondagem. “Pode indicar áreas de rápida expansão e oportunidades de investimento”, diz o diretor, Jorge Segeti.

NOS BASTIDORES

O cheque legal

Em meio aos debates sobre o futuro de Jair Bolsonaro e a esposa Michelle, há uma determinação que não muda no PL: ambos devem ter os salários em dia. Principalmente ela.

Miami ficou bem cara

A comunidade brasileira que vive em Lisboa nota novo movimento discreto: compatriotas estão se mudando de Miami para a capital portuguesa. A Coluna tem conhecimento de dois casais, apenas neste mês.

E agora, generais?

O senador Ciro Nogueira deu tiro certeiro na falácia dos militares que agora posam de heróis nos depoimentos à PF: Se ouviram planos de golpe e não denunciaram no ato, prevaricaram. Agora é muito fácil aumentar teorias para se livrar da cela.

Olha quem fala

Rui Costa tende à polêmica com Brasília. Depois de abrir crise ao dizer que a capital é ilha da fantasia, comprou briga com os servidores públicos: eles têm uma “tendência à inércia”, diz o baiano.