Dizer que a literatura japonesa passa por uma boa fase é quase um sacrilégio. O clássico “A Lenda de Genji”, de Murasaki Shikibu, um dos primeiros romances da história, foi publicado na verdadeira ‘Era de Ouro’ no Japão — lá no longínquo século 11. O que acontece hoje é que, por coincidência ou destino, dois dos três japoneses que venceram o prêmio Nobel de literatura lançam obras novas esse mês. “Morte na Água”, de Kenzaburo Oe, Nobel em 1994, é uma viagem de referências autobiográficas, apresentadas pelo escritor de 87 anos por meio de seu alter-ego, o protagonista Kogito Choko. Já “Klara e o Sol”, de Kazuo Ishiguro, vencedor do Nobel em 2017, vai na direção oposta. Sua trama mistura tecnologia e emoção para contar a história de Klara, um robô modelo “Amigo Artificial” criado para realizar tarefas domésticas e fazer companhia a humanos solitários. Haruki Murakami, outro elogiado autor japonês, também tem lançamentos à vista. “Primeira Pessoa do Singular” já saiu no exterior, mas só será lançado no Brasil em 2022. Enquanto isso, chega em abril “Sul da Fronteira, Oeste do Sol”, de 1992, que ainda estava inédito no País. Em tempo: o terceiro japonês a receber o Nobel foi Yasunari Kawabata, em 1968. Ele morreu em 1972.

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Mais cultura japonesa

A Japan House é uma ótima fonte de conteúdo sobre a cultura oriental. Em tempos de pandemia, o foco é nas atividades virtuais. Além de clubes de leitura — a próxima edição, em 29/4, debaterá “Terráqueos”, de Sayaka Murata —, a instituição produz ótimos podcasts. A literatura foi o tema da primeira temporada. “Foram mais de 16 mil reproduções”, celebra a diretora Natasha Barzaghi Geenen. A segunda série aborda a gastronomia japonesa, considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. Além de Natasha, o programa conta com os convidados Luiz Américo Camargo (foto), jornalista, consultor gastronômico e curador do evento “Taste of São Paulo”, e o chef Thiago Bañares.