Faltam pouco menos de 500 dias para o início da Olimpíada de Tóquio 2020, que acontecerá entre 24 de julho e 9 de agosto de 2020 na capital japonesa. As cifras que envolvem o evento são bilionárias. Um relatório recente divulgado pelo governo japonês mostrou que o país gastará US$ 25 bilhões (aproximadamente R$ 93 bilhões) na realização dos Jogos e que essa estimativa poderá ser ainda maior. Esse montante é mais que o dobro do que se gastou na Rio2016. Os investimentos vultosos valem a pena. A Olimpíada é o maior evento esportivo do mundo e reúne mais de 11 mil atletas de 204 países. Para dar ainda mais visibilidade aos Jogos, cinco novas modalidades esportivas estarão em disputas em 2020: beisebol/softbol, caratê, escalada, surf e skate. Com a inclusão, o número de esportes em Tóquio será de 33 modalidades, a maior na história da Olimpíada.

A ideia do Comitê Olímpico Internacional (COI) de bancar a entrada dessas modalidades na contenda olímpica é atingir o público jovem sem se esquecer da tradição esportiva dos japoneses. Eles amam o beisebol, o softbol e o caratê. Assim como os brasileiros são apaixonados pelo futebol. Fora das disputas há duas Olimpíadas, o beisebol no Japão contará apenas com seis equipes participantes em cada modalidade e será disputado apenas no masculino e o softbol, no feminino. Por ser o país-sede, o Japão já está classificado para as competições. No beisebol, assim como no softbol, o Brasil tem poucas chances de classificação. Porém, o selecionado nacional está “longe de jogar a toalha”. Pelo contrário, a luta para conseguir carimbar os passaportes é o objetivo número um da Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol. “Sabemos das dificuldades, mas não abandonaremos o sonho”, diz o presidente da entidade, Jorge Otsuka.

Os obstáculos que o cartola se refere é quanto aos concorrentes que o Brasil terá que eliminar para chegar aos jogos na terra do Sol Nascente. A disputa será bruta. Para conquistar a única vaga das Américas, os EUA já se classificaram, o país terá que bater equipes fortíssimas como a Cuba, Panamá, Venezuela. “Somos competitivos. Temos jogadores espalhados pelas grandes ligas internacionais, como a do Japão, EUA e Europa”, revela Jorge Caldeira, treinador da Seleção Brasileira de Beisebol. “O problema é que os grandes times mundiais não liberam seus jogadores para disputar a Olimpíada”, revela o treinador. Caldeira não está blefando ao dizer sobre a competitividade dos jogadores brasileiros. Apesar de ser um esporte desconhecido da maioria dos brasileiros – estima-se que 30 mil pessoas praticam beisebol no Brasil, cerca de 60 times profissionais -, o país não tem feito feio nas disputas internacionais. Em 2013, a Seleção Brasileira Adulta conseguiu um feito histórico que foi se classificar ao World Baseball Classic, a Copa do Mundo da modalidade.

De lá pra cá, o beisebol brasileiro só cresceu. De olho no mercado, Italianos, japoneses e norte-americanos veem ao Brasil desde então em busca de novos talentos. “Algumas jovens promessas de 16 anos, já tem assinado contrato com grandes clubes”, revela Caldeira. Atualmente, vários jogadores foram contratados pelas grandes ligas internacionais, como a Major League Baseball (MLB) dos EUA. “Ficamos muito surpresos com o talento dos jogadores brasileiros”, afirma Eduardo De Leon, coordenador técnico da Seleção Brasileira de Beisebol. No Brasil há três anos, De Leon, que é da República Dominicana, desembarcou em Ibiúna, interior de São Paulo, no Centro de Treinamento de Beisebol e Softbol Yakult/CBBS, para se dedicar às categorias de base e à equipe nacional. De Leon chegou em solo brasileiro acompanhado do auxiliar técnico e ex-treinador da seleção panamenha Enrique Burgos – um craque de arremesso que figurou na poderosa liga americana.

Burgos faz coro com De Leon sobre a qualidade dos atletas nacionais e alerta para outro fato importante que pode explicar o avanço dos jogadores brasileiros no cenário internacional. “A mudança de perfil dos atletas tem sido determinante”, percebe o treinador panamenho. “Hoje existe uma mescla de jogadores descendentes dos japoneses, muito técnicos, com brasileiros, que são muito altos e fortes”, avalia Burgos. Outro fator que chamou a atenção dos “gringos”, como são carinhosamente chamados, é o impactante e primoroso CT brasileiro. “Venho de um país que tem o beisebol como o principal esporte nacional. Lá, como em toda a América do Sul, não existe nada parecido com o centro de treinamento brasileiro”, atesta Burgos. Não pense que só o beisebol é competitivo, no softbal a equipe brasileira tem logrado diversos êxitos, como o Campeonato Sul-americano em 2013, o 4 lugar no Panamericano de 2015 e 12 lugar no mundial. “Somos respeitadas no cenário internacional, principalmente nas Américas”, garante Adriana Asano, jogadora da Seleção Brasileira. Além dos países asiáticos, o beisebol é muito tradicional nos Estados Unidos assim como em diversos países da América Central.

Softbol x Beisebol

O jogo de beisebol ou sua “versão mais leve”, o softbol, não é tão complicado como parece à primeira vista. “É como o jogo de tacos da infância”, lembra Caldeira. Disputado por duas equipes de nove jogadores titulares cada, que alternam posições de ataque e defesa. O objetivo da contenda é pontuar batendo com um bastão em uma bola arremessada por um lançador e, ao rebater, deve-se correr pelas quatro bases do campo – que tem um formato de diamante. Um turno de ataque e defesa de cada time representa uma entrada. O beisebol é composto por nove entradas e o softbol, sete. As diferenças entre o softbol e o beisebol é, além do tempo da partida ser menor por causa de duas entradas a menos, as bolas do softbol são maiores. Outras diferenças são que o bastão que é de alumínio e não de madeira como no beisebol. As dimensões do campo são menores e a principal, o arremesso da bola é por baixo e não por cima, como no beisebol. Nas duas modalidades, vence a partida o time que tiver maior número de corridas. Só que o time fará de tudo para que isso não ocorra. A cada três rebatedores eliminados, inverte-se o jogo e entra em campo o rebatedor do outro time. As partidas demoram em média duas horas.