Não era nenhum segredo, mas ficou mais claro após a aparição medíocre do presidente brasileiro Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU nesta semana, em Nova York. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que discursou instantes após Bolsonaro na terça-feira 21, evitou qualquer encontro com o mandatário brasileiro.

Um oceano de ideias e trajetórias bem diferentes separam os dois homens. Biden jamais afrontou as instituições norte-americanas. Nos seus quatro mandatos como senador em Washington, a partir de 1972, sempre defendeu o diálogo político com os adversários. Já Bolsonaro, em 27 anos como deputado federal no Congresso brasileiro, protagonizou vários episódios de discussões, agressões verbais e xingamentos a adversários.

Negacionista da vacina e defensor da cloroquina, o mandatário brasileiro parece viver em um mundo paralelo, onde não lhe pesam os quase 600 mil mortos no País pelo coronavírus. Já o presidente americano, em poucos meses de governo, conseguiu vacinar mais de 50% da população adulta dos Estados Unidos contra a doença letal.

Bolsonaro foi o último chefe de Estado do G-20 a reconhecer a vitória eleitoral de Joe Biden como presidente. Reconheceu a vitória de Biden após Alberto Fernández, da Argentina; Recep Tayyip Erdogan, da Turquia; e Vladimir Putin, da Rússia. Até 14 de dezembro de 2020, quando o Colégio Eleitoral referendou a vitória do candidato do Partido Democrata, Bolsonaro chegou a levantar dúvidas sobre a legitimidade das eleições nos Estados Unidos, repetindo as bobagens golpistas do seu amigo Donald Trump.

Mais tarde, já em 2021, na conferência virtual pelo clima, Biden aguardou pacientemente os discursos e falas dos vários chefes de Estado. Mas, quando Bolsonaro falou no final, o presidente americano se levantou da cadeira e não teve a paciência de escutar o mandatário brasileiro. E isso começa a acontecer com a maioria dos brasileiros. Cada vez aumenta mais o número de brasileiros que rejeitam o presidente. Segundo os institutos de pesquisa, mais de 60% dos eleitores dizem que não votarão de jeito nenhum em Bolsonaro no ano que vem.