Matusalém, um pinheiro bristlecone localizado nas Montanhas Brancas da Califórnia, acaba de completar 4.855 anos e se tornar o organismo mais antigo da Terra. Batizado em homenagem ao mítico sábio do Antigo Testamento que teria vivido 969 anos, o paradeiro exato do Pinus Longaeva permanece um segredo bem guardado – para segurança da própria árvore. Sabe-se apenas que os velhos pinheiros de Bristlecone ficam dentro da Floresta Nacional de Inyo, perto da divisa com o estado de Nevada.

Mais antigo que as pirâmides egípcias, o bosque de pinheiros nodosos oferece uma cena digna de filmes de fantasia aos turistas que resolvem fazer uma trilha pelo local. Com troncos retorcidos e multicoloridos, as árvores fascinam pela altura e conservação. Afinal, como é possível que uma espécie consiga se manter viva por tantos séculos, vencendo todas as mudanças climáticas enfrentadas pelo planeta? “Quanto mais difíceis as condições, mais lentamente as árvores crescem.

“Quanto mais difíceis as condições, mais lentamente as árvores crescem. Com isso, desenvolvem um alto potencial que lhes permite alcançar idades avançadas” Peter Groenendijk, professor de Biologia da Unicamp (Crédito:Divulgação)

Com isso, desenvolvem um alto potencial que lhes permite alcançar idades avançadas”, explica Peter Groenendijk, professor do Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista na área de datação de árvores. “Para conseguir sobreviver em uma área com recursos escassos, elas precisam se proteger bastante. O pouco que elas captam de recursos por ano, como chuva escassa no verão, é investido com muito cuidado”, diz.

Existe a possibilidade de que outras árvores sejam ainda mais antigas que o famoso pinheiro Matusalém. O estudo da dendrocronologia, área que analisa os anéis presentes na madeira, é mais desenvolvido em certos países. “Nos trópicos, essa ciência é bem mais recente, muitas espécies ainda não foram datadas. Ainda há poucos estudos feitos na Amazônia, que é uma das maiores florestas intactas do mundo”, explica Groenendijk. Outra árvore milenar famosa, situada no parque nacional Alerce Costero, no Chile, pode roubar o título de “árvore mais velha do mundo”: um estudo preliminar sugere que a antiga cipreste da Patagônia poderia ter cerca de 5.400 anos de idade.