A arte que convida você a interagir

O que existe de mais fascinante no mundo da arte é a capacidade de inovação. Cada obra tem suas características próprias e é interpretada de uma forma diferente por cada pessoa que a admira. Felizmente, as mostras retomaram nesse pós-pandemia e há muitas obras bacanas para admirar. A exposição “A Tensão”, de Leandro Erlich, é um bom exemplo disso. Depois de um enorme sucesso no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, a mostra estará em São Paulo, até 20 de junho, no Centro Cultural Banco do Brasil.
Leandro Erlich é um artista argentino contemporâneo que ficou conhecido mundialmente por suas criações baseadas em lugares-comuns. Ele encontra formas de a subverter a condição de normalidade e apresenta instalações que permitem a interação com o público. Erlich não cria um espaço, mas sim uma situação com o público, que é confrontado com a estranha experiência de ter a sua própria presença em um local conhecido, mas totalmente inusitado.
Uma de suas obras mais famosas é “A Piscina”, que provoca sensações únicas tanto por quem entra nela – sem se molhar – quanto para quem está do lado de fora porque existe uma camada de água em cima do vidro o que gera a ilusão de que as pessoas ao fundo estão de fato mergulhando no seu interior. Como um cenário, as obras de Erlich oferecem a possibilidade de explorar vários aspectos, deixando o espectador caminhar sob a água de uma piscina e vivenciar diferentes sensações e participar da visão dessa perspectiva sem sequer se molhar. Este trabalho é um bom exemplo das possibilidades interpretativas oferecidas por sua obra com ilusões, reviravoltas e reflexões.
Assim como “A Piscina”, as instalações de Erlich consistem em elementos arquitetônicos, geralmente construídos em escala humana como por exemplo a escada, o elevador ou uma sala. O público se orienta nesses locais por meio de uma visão familiar, pois são os elementos cotidianos que formam suas obras, criadas para tornar o espectador em um participante, ou seja, um ator na própria obra. Há também outras obras interessantes que mostram barco e elevador flutuantes, janelas para jardins imaginários e até uma janela (“Blind Window”) que questiona o que guarda a memória: nosso cérebro ou nossos olhos? Na obra “Classroom”, a imagem refletida no vidro transforma a cena em algo diferente, fazendo com que os visitantes fiquem parecidos com fantasmas. A sensação é estar em uma sala de aula abandonada, mas repleta de memórias de infância.
A experiência exige que o espectador vá além do fascínio pelos fenômenos ópticos para explorar as profundezas de uma realidade psicológica, uma vez que o artista não cria um espaço, mas uma situação com o público, que é então confrontado com a estranha experiência de sua própria presença.
É impossível sair da exposição sem ficar impressionado. O nome “A Tensão” é o primeiro ponto de reflexão, pois sonoramente pode dar a sensação de que estão chamando nossa ‘atenção’ para a arte, mas ao mesmo tempo desperta a curiosidade sobre tensão. Segundo o curador, Marcello Dantas, a exposição faz com que o visitante questione muitas coisas que acontecem no seu dia a dia e faça suas próprias interpretações a partir de suas percepções individuais.
Isso acontece porque o artista cria obras de lugares-comuns e espaços que estamos acostumados a ver em nosso cotidiano, porém ele deslocada a instalação da condição de normalidade, gerando um mecanismo da dúvida, pois o que vemos está em desacordo com o que nossa mente reconhece. As ilusões ópticas e a subversão da realidade propostas por Erlich fazem dele um artista conceitual e tremendamente popular. Para o artista é uma utopia apresentar a possibilidade de transformar o que existe em uma outra coisa e essa ação nos convida a imaginar a realidade de uma maneira diferente.
Segundo a CCBB, montar uma exposição de Leandro Erlich não é tarefa simples. A cada novo espaço, as obras são refeitas para obter os melhores ângulos, que rompem com a lógica cotidiana da arquitetura e do urbanismo. Desse modo, a tensão provocada pelo artista é resultado não apenas de uma percepção aguda das possibilidades visuais de uma dada situação, mas também de uma preocupação com o próprio espaço que abriga as mostras, que, por sua vez, também as tornam únicas.
A exposição estará em São Paulo até 20 de junho. Vale a pena a visita, mas se não conseguir ir, pelo menos acesse o tour virtual. Se desejar saber mais sobre um artista ou se tiver uma boa história sobre o universo da arte para compartilhar, aguardo sua mensagem pelo Instagram Keka Consiglio, Facebook ou no Twitter.
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