Quando a ponte Rio-Niterói estava sendo construída, no início dos anos 70, perguntaram ao humorista Max Nunes o que ele achava da ideia. A resposta foi: “Por um lado, é bom; por outro, é Niterói”.

Esta história que cai como uma luva em dois acontecimentos relevantes desta semana.

Primeiro, nas declarações do Presidente Bolsonaro à rádio Jovem Pan sobre os riscos que o Brasil corre em não explorar ativamente a Amazônia. “A indústria da demarcação inviabiliza qualquer projeto (…) e eu vou rever isso para que indígenas e quilombolas possam vender ou explorar suas terras da maneira como acharem melhor. Eu quero explorar a região amazônica em parceria com os Estados Unidos, (para não a perder)”.

Em segundo lugar, nas conclusões de um estudo que a empresa global de gestão de risco, Marsh apresentado na Europa, em Lisboa. “O maior risco para a humanidade não é mais a guerra ou a recessão económica. Nem os ataques terroristas, mesmo os cibernéticos. O riscos mais prováveis, e com mais impacto económico, em que a humanidade incorre nos dias de hoje, são os eventos climáticos extremos e as catástrofes ambientais. Apenas o risco inerente à utilização de armas de destruição massiva é maior que os relacionados com as alterações climáticas, só que a probabilidade de isso acontecer é nula”. É a síndrome Max Nunes aplicada à geopolítica global!

Vista do lado da Europa, que já arrebentou suas florestas, muitas décadas e até séculos atrás, a desflorestação da Amazônia é uma coisa má, não apenas por causa de questões ambientais que afetarão todo o mundo, mas porque o equilíbrio ambiental vai ficar mais caro para as empresas europeias que vão precisar comprar mais CO2.

Vista do Brasil a coisa é diferente. O território da Amazônia é, antes de ser patrimônio da humanidade, parte integrante do Brasil. Independentemente de quem more no meio da selva, o Brasil é soberano e tem direito a dispor e a explorar economicamente, em conjunto com quem quiser, um recurso fantástico que é só seu por direito internacional. Respeitem-se os direitos humanos e a soberania é inquestionável.

Se a humanidade acha que tem direitos sobre a Amazônia, não tem problema. A humanidade que os pague. Até porque, como também dizia o Max Nunes, “O Brasil precisa explorar com urgência a sua riqueza – porque a pobreza não aguenta mais ser explorada.“