Encantados com a possibilidade de um candidato a presidente em 2022 fora da política, alguns partidos têm se movimentado em busca da filiação do apresentador de televisão Luciano Huck. Pode parecer cedo, mas o jogo pelo poder não para: Cidadania, DEM, PSDB, PSD, Podemos e mais recentemente o PSB são as siglas que mostraram interesse em ter seu passe. Em 2018, Huck ensaiou uma candidatura, mas percebeu que chegou atrasado e que a conjuntura já estava dada. Agiu como era esperado e disse pouco depois que estaria à disposição caso o Brasil precisasse dele. E hoje o País precisa ainda mais do que em 2018.

REVÉS Maia é amigo de Huck e tentou levar o apresentador para o DEM: derrota na Câmara mudou os planos (Crédito:Suamy Beydoun)

Pesa na decisão do apresentador o que Sérgio Moro fará. Afinal, o ex-juiz é a personalidade que teoricamente mais disputaria votos com Huck no primeiro turno. Então, o apresentador espera que Moro tome uma decisão: a ideia dos dois se opondo numa campanha não o agradaria. Como Moro pretende morar nos Estados Unidos é pouco provável que seja um obstáculo. Outra questão que deixou muitas dúvidas foi o anúncio da saída de Fausto Silva da Rede Globo. Huck é o mais prestigiado nome da casa e seria natural sucedê-lo.

Huck foi procurado pela reportagem da ISTOÉ, mas a assessoria respondeu que nada comentaria. O comunicador não se compromete com nada nesse momento para não precisar descumprir acordos. Tática acertada. O presidente do Cidadania, ex-senador Roberto Freire, é o maior entusiasta da candidatura de Huck. Ele diz que o Luciano tem uma “excelente formação política, conhece a desigualdade brasileira e tem a solução do problema como um grande objetivo de vida”. A espera por Huck é algo bem concreto.

Cravar que Huck será candidato é uma imprudência, mas o fato concreto é que ele se comporta como se estivesse disposto ao desafio. O Twitter do apresentador é repleto de comentários sobre artigos de personalidades da política. Ele consegue fazer uma caminhada bem abrangente. Deixa a possibilidade de ingressar de partidos da centro-esquerda e da centro-direita com grande habilidade. Huck se esquiva de debates polêmicos com maestria. Mostra que está muito bem orientado e também preparado para o pleito de 2022. O cientista político Márcio Coimbra explica que há um fetiche dos partidos políticos em torno do apresentador. Além da exposição que a televisão já deu, Huck “é a aposta em um outsider que não tem passagem pela política e tem um ativo muito importante que é o grau de confiança da população. Ele aparece bem em todas as pesquisas”, afirma Coimbra. O cientista político diz que falta apenas um bom vice com um pé na política para que Huck possa decolar.

Não fosse a crise instaurada no DEM e no PSDB, os dois partidos poderiam estar à frente na preferência do comunicador. A derrota do grupo de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara implodiu o DEM e ameaça a proximidade entre Huck e o partido. Maia, que é amigo do apresentador, já teria avisado que os democratas estavam embarcando no governo Bolsonaro, de quem Huck quer distância. O PSDB teve suas baixas com as eleições no Congresso e tem o governador de São Paulo, João Doria, como postulante à presidência. O namoro dos tucanos com Huck é antigo. Em 2018, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou: “é bom ter gente como o Luciano porque precisa arejar a política tradicional”.

“Luciano na Presidência da República representaria um novo mundo para o Brasil. Ele não é apenas uma celebridade” Roberto Freire, presidente do Cidadania (Crédito:Karime Xavier)

Nova articulação

O mais recente flerte aconteceu com o PSB. O prefeito do Recife João Campos (PSB-PE) e a sua namorada, a deputada Tábata Amaral (PDT-SP), estreitam relações com Huck. O casal participa das agendas do Instituto RenovaBR, que forma jovens para a política e conta com o incentivo do apresentador. A possibilidade de fusão entre PSB e PCdoB também agrada ao comunicador. Além da ampliação de espaço político da legenda, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), é visto com bons olhos pelo por ele, que também dialoga com outras siglas como PSD e Podemos. O campo é vasto para apresentador.

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A notoriedade que Huck ganhou com a televisão, de certa forma, sobrepõe a sua vida como empreendedor. Mas o comunicador começou a carreira de empresário quando ainda era estudante. Ele sabe da necessidade de uma boa comunicação e já se prepara para ter um bom suporte nessa área. A contratação do marqueteiro argentino Marcos Peña seria o primeiro passo. Peña foi o responsável pela campanha vitoriosa do presidente Maurício Macri na Argentina em 2016. Dentro da família, e na vida profissional, as coisas parecem estar bem resolvidas. A Rede Globo não deve criar empecilhos para sua eventual saída e a esposa, a apresentadora Angélica, já disse que apoiaria uma campanha eleitoral do marido. Huck tem uma agenda apertada, mas a promessa é de tomar uma decisão até setembro e que a filiação ocorra até março de 2022. O comunicador não vai empreender nessa nova carreira se não tiver uma boa margem de segurança para ter sucesso na nova empreitada.


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