Aos poucos, o governador de São Paulo, João Doria, se consolida como uma alternativa de poder ao presidente da República, Jair Bolsonaro – mesmo sem romper com ele. A fotografia dos primeiros 100 dias de governo, por exemplo, ilustra um cenário bem mais róseo para o gestor tucano. Na verdade, a imagem de um é diametralmente oposta à do outro. Enquanto a decolagem de Bolsonaro deixou a desejar, Doria aproveitou o esquentar das turbinas para entregar algo que merece ser observado com atenção. Em pouco mais de três meses, sem perder tempo com questiúnculas ideológicas, o governador multiplicou por dez o número de delegacias da mulher funcionando 24 horas por dia, zerou a fila de 155 mil exames na Saúde e transferiu chefes do PCC para presídios federais.

Nada radical

Ao tratar do desemprego, uma chaga nacional para a qual Jair Bolsonaro ainda não apontou um caminho, Doria garantiu investimentos de R$ 10 bilhões a montadoras, assegurando 65 mil empregos sob risco. No terreno da política, pavimenta a reconstrução do PSDB nacional sob o discurso da moderação: “Duro com os extremos à direita e à esquerda”.

Bom piloto

Há quem diga que governos podem ser comparados a viagens de avião: ainda que o vôo apresente intempéries, o risco de toda gestão, em geral, reside na partida e na chegada. Ao manobrar o manche com arrojo nos primeiros 100 dias, Doria demonstra entender de pilotagem. E, sobretudo, de governo.

Rápidas

* Debater um assunto relevante para destravar a economia brasileira. Esse é o intuito do Congresso Luso-Brasileiro de Auditores Fiscais, entre os dias 16 e 19 de junho, no Maksoud Plaza, em São Paulo.

* Este ano, organizado pela Associação dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado de São Paulo (Afresp), pela primeira vez une os fiscos estaduais e o federal, debatendo questões para tratar a tributação brasileira de forma justa, simplificando os impostos e com meios de aumentar a arrecadação.

* “O momento é esse para trazermos à tona novas formas de aproximar o fisco e a sociedade, buscando uma tributação mais justa e eficiente”, explica o presidente da Afresp, Rodrigo Spada.

* O novo Código de Ética do Contador traz violações concorrenciais. É o que diz a plataforma digital Contabilizei que ingressou no Cade. De acordo com a petição assinada pelos advogados José Del Chiaro e Mário André Machado Cabral, as restrições são ilegais.

Antidrogas

O ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, quer acelerar a tramitação do projeto antidrogas que ele apresentou quando era deputado. O projeto estava parado no Senado. Terra pediu ao senador Major Olímpio (PSL-SP), designado relator, que o coloque para tramitar. O projeto prevê aumento da pena para tráfico de drogas e a possibilidade de internação compulsória de usuários viciados, que hoje é proibida.

“É triste. Absurdo. Uma família humilde foi destroçada”

Retrato falado

Nas redes sociais, o ex-candidato do PDT à Presidência da República Ciro Gomes lamentou o trágico episódio no qual militares dispararam 80 tiros contra o carro do músico Evaldo Costa, no Rio. O músico morreu e familiares que estavam com ele foram feridos. “É a irresponsabilidade dos que nos governam que coloca o Exército contra nossa população”, disse Ciro. Para Ciro Gomes, é um erro dar aos militares responsabilidade de polícia.

Saúde hackeada

O Ministério da Saúde pediu na terça-feira 9 à Polícia Federal que investigasse um possível ataque hacker no seu sistema. Alguém que se identificou nas redes sociais como Tr3v0r, ou @MatheusDash, se apresentou tentando vender “2 milhões e 300 mil dados dumpados do Sistema Único de Saúde (SUS)” para laboratórios. Seriam dados de pacientes. “Seria um desperdício vazar isso, é o seguinte quem pagar mais leva” (sic), dizia a mensagem. O Ministério não tem certeza se Tr3evOr conseguiu mesmo acessar as informações. Por isso, pediu a apuração da PF, que começou a investigar. Os dados são valiosos e podem ensejar golpes contra os pacientes.

Golpes

Golpes contra pacientes acontecem. De posse de informações do prontuário, criminosos procuram famílias de doentes. Oferecem a possibilidade de compra de medicamentos em falta ou de tratamentos cuja fila está muito grande, desde que os familiares por eles. Na rede pública todo serviço é gratuito.

Damares no futebol

A partir desta semana, a ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, começará a fazer inspeções nos alojamentos para adolescentes nos centros de treinamentos dos clubes de futebol. Após a tragédia ocorrida no Ninho do Urubu, do Flamengo, Damares começou a receber diversas denúncias de problemas nesses alojamentos. Resolveu, então, olhar de perto.

Disque 100

Logo após o incêndio no Ninho do Urubu, o Ministério dos Direitos Humanos abriu uma seção específica no canal destinado a receber denúncias de violações de direitos humanos, o Disque 100. Quem tiver informações que ajudem nessa investigação, é só discar 100. O canal recebe também outras denúncias, como casos de violência contra a mulher.

Pronasci

O ministro da Justiça Sergio Moro está estudando ressuscitar o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), que visa capacitar o agente de segurança pública. Uma proposta do deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) está em análise do ministro. Ela garante uma bolsa de R$ 800 para capacitação.

Toma lá dá cá

Como relator do pacote anticrime do ministro Moro, o senhor acha que haverá como avançar diante da urgência da tramitação da Reforma da Previdência?

A estratégia de dar início no Senado foi justamente pensando nisso: enquanto a Câmara analisa a Previdência, nós, paralelamente, iniciamos o pacote. Um não atrapalha o outro. O pacote será aprovado na íntegra ou sofrerá modificações?

Montei uma equipe para ajudar a relatar o projeto. Encontramos alguns pontos polêmicos que precisam ser esclarecidos. Um deles é a prisão em 2a Instância, que é a espinha dorsal do pacote. Nada mais vai valer se não conseguirmos essa aprovação. Infelizmente alguns parlamentares se beneficiam diretamente do outro entendimento e provavelmente não votarão a favor.