SÃO PAULO, 14 ABR (ANSA) – Por Renan Tanandone – Após o adiamento em um ano por causa do novo coronavírus, os Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, começarão daqui a exatos 100 dias, mas o megaevento esportivo sofre uma grande rejeição da população local devido ao aumento dos gastos e à persistência da pandemia no mundo.   

O Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio, que trocou de presidente em fevereiro por conta de um escândalo de sexismo, revelou que o custo total do evento ficará em cerca de US$ 15,4 bilhões, número bem maior que os US$ 7,3 bilhões previstos no dossiê de candidatura, em 2013. Isso torna a edição de Tóquio uma das Olimpíadas mais caras da história.   

De acordo com uma pesquisa conduzida pela emissora NHK, 32% dos entrevistados defendem que o evento deveria ser definitivamente cancelado, enquanto outros 31% pedem um novo adiamento.   

Para piorar a situação, as Olimpíadas não contarão com espectadores estrangeiros, e a ausência de turistas pode causar um prejuízo de quase US$ 2 bilhões, segundo estimativas do Instituto de Pesquisa Nomura.   

O publicitário e professor brasileiro Paulo Junior, que tem 35 anos e mora no Japão desde 2019, reparou que os seus jovens alunos, de cinco a 14 anos, estão “ansiosos” para o início dos Jogos, mas os adultos com quem convive estão “pessimistas e preocupados”.   

“Entre os japoneses que conheço e convivo mais proximamente, eu encontro opiniões e expectativas de todos os tipos. Sou professor de inglês, e muitos dos meus alunos estão ansiosos para que os Jogos comecem. Já os adultos estão pessimistas e preocupados, não com o que vai acontecer durante as Olimpíadas, mas sim com o que a realização de um grande evento como esse pode trazer como consequência”, explicou Junior em entrevista à ANSA.   

O brasileiro, que mora em Kobe, desejava trabalhar como voluntário nas Olimpíadas e até participou do processo de seleção, mas resolveu não seguir adiante por “alguns motivos” pessoais. Em contrapartida, admitiu estar “ansioso” e “cheio de boas expectativas” para o evento.   

“Eu pesquisei os preços dos ingressos, e eles estão bem acessíveis. Ainda não comprei nenhum, pois estou aguardando o evento se aproximar para que as informações fiquem mais claras”, ressaltou Junior.   

O investidor Fernando Takehara, outro brasileiro que reside no Japão, disse ter percebido uma queda na popularidade das Olimpíadas, principalmente por conta da ausência do público estrangeiro.   

“Boa parte é contra a realização dos Jogos porque o mundo ainda sofre com a pandemia. Antes, todos eram incondicionalmente favoráveis, já que as Olimpíadas atraem turistas de todos os países e geram uma enorme arrecadação. Sem a entrada dos estrangeiros, os hotéis e comércios não terão ganho algum”, lamentou Takehara à ANSA.   

Residente no país há 20 anos e hoje morador de Yokohama, o brasileiro também é contra a realização dos Jogos Olímpicos, previstos para começar no dia 23 de julho.   

“Eu amo esportes, mas sou contra, é um evento internacionalmente aberto aos visitantes dos cinco continentes.   

Com a pandemia ainda não controlada em muitos países, não faz sentido realizar um megaevento desse porte”, finalizou. (ANSA).