Parece um ato solitário festejar 50 anos de carreira sozinho no palco perante a audiência anônima. Mas a intenção do carioca Pedro Paulo Rangel, de 70 anos, é inversa. De fato, quer se aproximar de seu público e de um de seus escritores favoritos: o português António Lobo Antunes. O monólogo “O Ator e o lobo”, dirigido por Fernando Philbert, resulta de uma seleção de crônicas de Antunes. “Há um paralelismo entre nós”, diz P.P. como é conhecido. “Ele é português e eu, de ascendência portuguesa. Temos o sobrenome Antunes, que poderia usar. Como eu, é surdo, fumante, contraiu doenças graves e se recuperou.” P.P. incluiu duas crônicas suas autoria na peça ( e vai lançar um livro no gênero). Difícil saber quais são. Na peça, interpreta uma galeria de personagens tragicômicos. Para dramatizar cada situação, modula o sotaque do lisboeta ao carioca. Para ele, calejado em monólogo, o gênero ainda desafia: “Se você errou, errou”, diz. “A vantagem é que poucos vão notar”. Alguns afirmam que a peça é uma de stand-up comedy, diz. “Na verdade, é um sit-down drama!” SESC Pinheiros, 5 e 6/4, e teatro Poeira (RJ), de 11/4 a 2/6.