07/03/2019 - 13:57
PEQUIM, 7 MAR (ANSA) – A Itália pode se tornar a maior economia europeia a apoiar formalmente o projeto global de infraestrutura “China’s Belt and Road Initiative”, uma das maiores ambições do presidente Xi Jinping. De acordo com fontes locais, o governo italiano deve assinar nas próximas semanas um memorando de entendimento com a China a favor da “Iniciativa do Cinturão e Rota”, que prevê a construção de ferrovias, portos e pontos de infraestrutura em 65 países que compõem as antigas rotas comerciais da seda, interconectando Ásia, Europa e África. A estratégia da Itália é assinar o memorando durante uma visita oficial de Xi Jinping ao país, no fim de março, como forma de atrair investimentos chineses.
A notícia foi veiculada pelo jornal “Financial Times”, que citou o subsecretário de Desenvolvimento Econômico da Itália, Michele Geraci. “A negociação ainda não está completa, mas é possível que se conclua em tempo para a visita”, disse. A decisão da Itália, no entanto, desagrada aos parceiros comerciais Estados Unidos e União Europeia, conforme admitiu o próprio subsecretário. “Há tempos, estamos discutindo o assunto com os aliados e parceiros, os quais expressaram preocupação em relação a uma eventual adesão italiana, a qual poderia abalar a posição unitária da UE”, relatou Geraci. Ele informou, porém, que a Itália assegurou que a assinatura do acordo não compromete a geopolítica europeia, e que “o governo espera chegar a uma solução para o respeito dos interesses comuns”. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Garrett Marquis, criticou a iniciativa. “Vemos o projeto Belt and Road como um ‘made by China, por iniciativa da China’. Somos céticos de que o apoio do governo italiano ao projeto levará benefícios substanciais aos italianos, mas também poderá danificar a reputação global da Itália a longo prazo”, analisou.
“Nem a UE nem nenhum Estado-membro pode alcançar seus objetivos com a China sem plena união”, apontou um representante da Comissão Europeia. “Todos os Estados têm a responsabilidade de assegurar coerência cm leis e políticas europeias e de respeitar a unidade da UE na atuação de tais políticas”, acrescentou. Por sua vez, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim, Lu Kang, rebateu a visão da Casa Branca. “Esses julgamentos são absurdos. Como um grande país e uma grande economia, a Itália sabe o que lhe interessa e pode fazer políticas independentes”, disse. As relações entre a China e a Itália se reforçaram nos últimos dois anos. Em fevereiro de 2017, o presidente Sergio Mattarella visitou o país asiático. Três meses depois, o então premier Paolo Gentiloni participou da primeira conferência sobre a Belt & Road Initiative. Os diálogos entre os países avançaram ainda mais no governo atual, da Liga Norte e do Movimento 5 Estrelas (M5S). Somente o vice-premier Luigi Di Maio já esteve na China em duas ocasiões, sendo a última em novembro para o China International Expo de Shanghai.
Xi, por sua vez, desembarcará na Itália no dia 21 de março para uma visita de três dias. (ANSA)