28/02/2019 - 9:52
A Índia e o Paquistão, nascidos da divisão do Império Britânico da Índia em 1947, travaram três guerras, duas delas pela Caxemira, que está, nos últimos dias, no centro de uma nova onda de tensões entre estas duas potências nucleares.
– Divisão sangrenta –
Na noite de 14 a 15 de agosto de 1947, o vice-rei das Índias, Lord Louis Mountbatten, entregou a Nova Délhi o poder sobre o território. Após dois séculos de domínio, a ex-colônia britânica é dividida em dois Estados: a Índia (majoritariamente hindu) e o Paquistão (muçulmano).
Este último é inicialmente composto por dois territórios distintos em ambos os lados da Índia.
Mal preparada, a partição leva milhões de pessoas ao êxodo e provoca massacres comunitários em grande escala.
– Divisão da Caxemira –
No outono de 1947, uma guerra estourou por causa da Caxemira, uma região predominantemente muçulmana do Himalaia, seguida em 1949 por um cessar-fogo sob os auspícios das Nações Unidas.
A Caxemira é então dividida em dois setores separados por uma linha de controle: dois terços administrados pela Índia e um terço pelo Paquistão.
Entre agosto e setembro de 1965, um segundo conflito irrompeu, seguido por um novo cessar-fogo.
– Criação de Bangladesh –
Em dezembro de 1971, uma nova guerra opõe os dois países, quando o exército indiano intervém ao lado dos separatistas bengalis no Paquistão oriental. Este território se torna Bangladesh.
– Potências nucleares –
Após um primeiro teste em 1974, a Índia realizou cinco novos testes nucleares em 1998. O Paquistão respondeu com seis tiros.
Tendo se tornado de fato a sexta e a sétima potências nucleares, os dois rivais atraem condenações e sanções internacionais.
– Insurreição na Caxemira –
No final de 1989, os rebeldes muçulmanos lançam uma insurgência separatista na Caxemira indiana, mais tarde recuperada por grupos islâmicos armados.
Os dois exércitos se enfrentam em 1999 na região montanhosa de Kargil (Caxemira indiana).
À beira de um quarto conflito em 2002, os dois rivais renovaram as relações diplomáticas em abril de 2003. Um cessar-fogo foi concluído, sem acabar com a guerra de guerrilha.
No início de 2004, a Índia e o Paquistão iniciaram um processo de paz.
– Atentados e tensões –
Em novembro de 2008, ataques coordenados em Mumbai mataram 166 pessoas. A Índia, que vê nisso a mão dos serviços de inteligência paquistaneses, interrompe o processo de paz.
O diálogo é retomado em 2011, mas será enfraquecido por incidentes mortais nas fronteiras.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, no entanto, faz uma visita surpresa em dezembro de 2015 a Lahore, onde encontra seu colega Nawaz Sharif.
Um novo episódio de tensão ocorre após o sangrento ano de 2016 e um ataque em setembro liderado pelo grupo islâmico Jaish-e-Mohammed (JeM) contra uma base militar indiana na Caxemira.
Nova Délhi responde com ataques a posições separatistas ao longo da linha de cessar-fogo.
Desde 1990, a insurreição separatista já matou dezenas de milhares de pessoas, a maioria civis.
– Nova escalada –
Em 14 de fevereiro de 2019, pelo menos 40 paramilitares indianos foram mortos na Caxemira indiana em um atentado suicida com carro-bomba reivindicado por islamitas da JeM, uma organização paquistanesa.
O exército indiano responde no dia 19, abatendo três membros locais do grupo de insurgentes. No dia 23, as autoridades indianas prendem dezenas de líderes muçulmanos e enviam milhares de paramilitares para reforçar a Caxemira indiana.
As tensões ficam exacerbadas no dia 26, quando Nova Délhi alega ter conduzido um “ataque preventivo” e matado um “número muito grande” de membros do JeM em um campo de treinamento do movimento islâmico em território paquistanês.
A União Europeia, os Estados Unidos e a China pedem moderação aos dois países.
Na quarta-feira, a Índia e o Paquistão afirmaram ter abatido aviões inimigos enquanto tentavam evitar uma “escalada” da crise.