REFORMA Bolsonaro entregou o texto da Previdência, mas clima político não anda dos melhores (Crédito:Divulgação)

Na semana em que completou 50 dias, demitiu Gustavo Bebianno e entregou a reforma da Previdência, o que se comentava com relação ao governo no Congresso é que os parlamentares, diante da crise, vão operar seus taxímetros em bandeira dois. Ou seja: preparam-se para cobrar mais caro pelo apoio à reforma e outros temas de interesse do governo depois da instabilidade provocada pelas diatribes de Carlos Bolsonaro com a ajuda de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro. De alguma forma, o governo sinaliza que vai ceder. Integrante da equipe do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o ex-deputado Carlos Manato ficará encarregado de anotar os pleitos de cargos e emendas orçamentárias, como já havia adiantado ISTOÉ.

Nova relação

Declaradamente, o governo diz que estabelecerá uma nova relação, diferente do antigo toma-lá-dá-cá. É aí que se prevê a queda de braço entre Congresso e governo. Nos critérios que serão usados para atender aos pedidos, se serão de fato técnicos ou não. Ao impor derrota ao governo, impedindo a ampliação de quem pode decretar sigilo a informações, o Congresso já deu seu recado. Aberto o balcão?

Fritura

Para o analista político André Pereira César, o que se viu nos últimos dias foi um inédito processo de fritura. No caso, não a fritura de Bebianno. Mas a fritura do presidente. “Conversas vazadas, derrotas em 50 dias… É complicado, porque quem frita os outros normalmente é o presidente. Nunca se viu um presidente na frigideira”, analisa o cientista político.

Ilana fica?

Jefferson Rudy/Agência Senado

Eleito presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) planeja tirar cerca de 180 servidores da administração da Casa que são considerados ligados a José Sarney e Renan Calheiros. Há indicações, porém, de que ele poderá manter a diretora-geral, Ilana Trombka. O grupo todo passou por um pente fino nas últimas semanas. Mas nada se encontrou sobre Ilana, que é considerada uma diretora eficiente.

Rápidas

* Não é por ser de oposição que não vai se adaptar aos novos tempos. O senador Jaques Wagner, do PT-BA, determinou à sua assessoria que marcasse como primeiros encontros em Brasília reuniões com os comandantes das Forças Armadas.

* O relator da Lava Jato no Tribunal Regional da 4ª Região, João Pedro Gebran Neto, lançou na quarta-feira 20 um livro que fala sobre os avanços no Brasil e no mundo no combate à corrupção pública. O lançamento foi na sede do STJ.

* O livro é assinado por Gebran em parceria com o ministro do STJ Néfil Cordeiro, o delegado de Combate a Crimes Previdenciários da Polícia Federal, Rafael Fernandes Souza Dantas, e a procuradora da Fazenda Nacional em São Paulo, Regina Tamani Hirose.

* O livro, intitulado “Carreiras Típicas de Estado”, aborda experiências de policiais e servidores no combate à corrupção nos últimos 30 anos, especialmente relacionada à tarefa dos agentes na investigação de lavagem de dinheiro.

Retrato falado

“Deus castiga quem mente” (Crédito:Jefferson Rudy)

Diante da guerra de versões sobre se Gustavo Bebianno conversou ou não com o presidente Jair Bolsonaro, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) lembrou que mentir é pecado. Na confusa história da demissão de Bebianno, primeiro o ex-ministro disse que conversara três vezes com o presidente. Carlos Bolsonaro, filho de Jair, disse que isso era uma “absoluta mentira”. Áudios das conversas dão a entender que quem mentiu não foi Bebianno. “É muita mentira para integrantes de um governo só”, disse.

Gastos do Sarah

Sempre considerado um modelo de excelência, os gastos da Rede Sarah vêm sendo questionados por alguns integrantes da própria rede de hospitais, que parecem incomodados com a direção. Um dos gastos questionados diz respeito à decisão de trocar sete equipamentos de ressonância magnética. A compra de sete novos equipamentos vai variar entre R$ 300 mil e R$ 1,5 milhão para cada aparelho. Mais R$ 1 milhão em carrinhos de anestesia e equipamentos de apoio. O que se questiona é a necessidade da troca, já que os aparelhos antigos seriam seminovos. Reuniões internas têm acontecido nos hospitais nas quais se questionam que as reais necessidades de gastos seriam outras.

Transporte

Um desses gastos mais importantes, afirmam, seria a aquisição de veículos mais seguros para transportar pacientes do hospital que fica no centro de Brasília para a unidade de reabilitação que fica no Lago Norte. Os pacientes estariam sendo transportados em ônibus inseguros, sem cinto de segurança.

Lava Toga

Se for instalada a CPI Lava Toga, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) planeja anexar um pedido para investigar Janeth Aparecida Dias, secretária de Gestão de Informação do Tribunal Superior Eleitoral. Ela é mulher de Nilban de Mello Júnior, ex-diretor financeiro e de relações com investidores do Banco de Brasília (BRB), que foi preso na Operação Circus Maximus.

Geraldo Magela

Aposentadoria

Quando estava no gabinete de Gilmar Mendes, Janeth requisitou para trabalhar com ela a mulher de outro envolvido no caso BRB, o ex-diretor presidente do banco, Vasco Cunha Gonçalves. Chama agora a atenção de Kajuru que Janeth vai receber um adicional de R$ 4 mil na sua aposentadoria pelo “exímio serviço que prestou à Justiça”.

Dentista na UTI

MJS

A deputada Kátia Sastre (PR-SP) quer incluir profissionais de odontologia nas equipes médicas que atuam em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Ela apresentou projeto de lei nesse sentido. “Os pacientes internados em UTIs devem receber cuidados especiais e constantes, não só para tratar o problema da internação”, diz ela.

Toma lá dá cá

Senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE)

A sua indicação para líder do governo visa estreitar as relações do governo com o MDB, especialmente o grupo de Renan ?
Sim. Eu assumo a liderança para melhorar esse diálogo.

O que aconteceu na votação para presidente do Senado em que apareceram na urna 82 votos?
Recebi um total de 90 cédulas, com os respectivos envelopes. Nove sobressalentes para serem usadas em caso de rasuras. Houve um momento em que a urna saiu do campo de visão dos membros da Mesa. Já requeri imagens do circuito de câmeras do Plenário para esclarecer quem depositou um voto a mais.

O senhor teme a investigação do Senado sobre o caso?
Ao contrário. Defendo que seja rigorosa.