WELLINGTON CERQUEIRA/AG. ISTOÉFoi-se o tempo em que não podíamos ver em tempo real a imagem de nosso interlocutor na tela do celular. Isso agora já é possível em diversos países, e também no Brasil, devido à entrada em cena da terceira geração de telefonia móvel, a chamada 3G – aqui, por exemplo, dá para ver e ser visto, através do celular, em São Paulo, Rio de janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife e Porto Alegre. Em todas essas cidades a nova geração de aparelhos faz ligações com transmissão de áudio e imagem em tempo real. Alguém que tenha um celular 3G só poderá, no entanto, “olhar” o interlocutor se ele também tiver falando de um aparelho com tecnologia compatível. E, igualmente importante, você só será visto se quiser: poderá ativar e desativar essa função quando desejar fazê-lo. “O brasileiro mudará a forma de se comunicar”, diz João Cox, presidente da Claro, que assim como a Vivo oferecem o serviço 3G no País.

Quando em 2001 a terceira geração chegou ao Japão, o sucesso foi imediato. “A imagem e a voz, juntas, trazem emoção. Ver com quem se está falando torna o diálogo menos formal, sem contar que é possível compartilhar bons momentos”, diz Masao Nakamura, presidente da NTT DoCoMo, a operadora de celular líder no Japão. A 3G baseia-se na tecnologia UMTS (Universal Mobile Telecommunication System) para transmissão de imagens, vídeos e dados em alta velocidade. Muitos desses recursos os celulares de geração passada já têm (menos o recurso de áudio casado com imagem em tempo real), só que os novos telefones (UMTS) têm maior rapidez e definição incomparavelmente melhor. Se antes era possível baixar uma música no aparelho em cinco minutos, “hoje damos ao cliente a chance de fazêlo em dez segundos”, diz Roberto Lima, presidente da Vivo, operadora que começou os primeiros testes com o 3G em 2004. “São mais de 300 mil clientes baixando mensalmente dezenas de músicas e assistindo a vídeos”, diz Lima.

Mas faltava algo. O serviço oferecido pela Vivo só tornava eficaz a navegação pela internet, porque para se assistir a vídeos e jogos, por exemplo, era necessário o sinal digital de tevê que no Brasil só foi disponibilizado no domingo passado. Era essa a chance que a Claro esperava para entrar no mercado, oferecer transmissão em alta definição e a tão esperada videoconferência. Esse último serviço, porém, será oferecido por enquanto apenas para clientes da Claro. A Vivo diz que não se arriscará porque ainda coloca em xeque a sua aceitação. Como toda tecnologia nova, o preço é alto mas tende a cair conforme o crescimento da demanda. Os aparelhos da Nokia, LG, Palm, Samsung e Sony Ericson equipados para suportar o novo sinal não saem por menos de R$ 800. A mensalidade dos serviços custa em média R$ 200. E quem quiser ver e ser visto durante uma chamada terá de pagar R$ 0,60 por minuto.