O grupo Estado Islâmico (EI) controla menos de 1% do seu autoproclamado “califado”, que abarcava amplas regiões de Síria e Iraque, anunciou a coalizão internacional nesta quinta-feira (7).

Os extremistas conseguiram capturar grande setores desses dois países em 2014, mas as ofensivas internacionais, em apoio às tropas locais, reduziram o território sob o seu controle a quase nada.

Os extremistas estão encurralados no último foco no leste da Síria, na província de Deir Ezzor, fronteiriça com o Iraque, ante a ação final das Forças Democráticas Sírias (FDS), aliança árabe-curda apoiada pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.

Na Síria, estas “forças aliadas (…) libertaram 99,5% dos territórios controlados pelo EI”, anunciou a coalizão em um comunicado.

“Enquanto continuamos pressionando os combatentes do EI que se encontram em um setor cada vez menor, menos de 1% do ‘califado’, os extremistas tentam escapar misturando-se com mulheres e crianças inocentes que tentam fugir dos combates”, acrescenta o comunicado.

“Essas táticas não vão funcionar”, indica um comandante adjunto da coalizão, o general britânico Christopher Ghika, citado no texto.

As FDS operam atualmente na província de Deir Ezzor contra o último reduto do EI, perto da fronteira iraquiana, um setor de quatro km2.

– Os estrangeiros do EI –

Na quarta-feira, o presidente americano, Donald Trump, se mostrou muito otimista, considerando que a vitória contra os extremistas é iminente.

Em dezembro, Trump anunciou a retirada de 2.000 soldados americanos enviados à Síria para apoiar as FDS.

“O anúncio formal de que tomamos 100% do califado deve sair na semana que vem”, disse na quarta-feira.

“Não quero anunciar muito cedo”, destacou. “Ainda existem alguns focos”, “que serão cada vez menores”, mas “podem ser perigosos”, reconheceu Trump.

Há alguns dias a ofensiva das FDS foi suspensa. Os combatentes das FDS no terreno explicam que os extremistas usavam os civis ainda presentes no reduto como “escudos humanos”.

“As FDS suspenderam há alguns dias a sua ofensiva, o que lhes permite se reorganizar e reforçar as suas posições”, confirmou nesta quinta em uma coletiva de imprensa em Paris o porta-voz do Estado-Maior francês, o coronel Patrik Steiger.

Há vários dias, centenas de pessoas – mulheres e crianças com seus pertences – chegam às posições controladas pelas FDS, fugindo do último reduto do EI, constatou a AFP.

Desde o início de dezembro, mais de 37.000 pessoas fugiram deste último bastião extremista, principalmente famílias de combatentes do EI, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Entre eles há 3.400 extremistas, segundo a mesma fonte.

Também há estrangeiros, parentes de extremistas, sob custódia das FDS e que pedem para ser repatriados aos seus países de origem.

Apesar da pressão de parte da opinião pública, a França resolveu o retorno dos extremistas franceses. Não se sabe quantos são, mas diferentes fontes evocam o caso de 130 pessoas, entre elas 50 homens e mulheres, e dezenas de crianças.

Na quarta-feira, em um campo de deslocados no norte da Síria, dezenas de mulheres estrangeiras e seus filhos recém-chegados do último reduto do EI esperavam em uma região para que lhes dessem uma barraca, constatou a AFP.

As mulheres usando niqab falavam com seus filhos, pálidos e fracos, em inglês ou francês.

O conflito na Síria, iniciado em 2011, se tornou mais complexo com os anos e a intervenção de múltiplos atores estrangeiros. Desde então, deixou mais de 360.000 mortos e milhões de deslocados.