A jovem esposa de Chapo Guzmán, Emma Coronel, que compareceu quase todos os dias ao julgamento do famoso chefão mexicano do narcotráfico, em Nova York, o ajudou a fugir pela segunda vez da prisão em julho de 2015, revelou uma testemunha nesta quarta-feira (23).
Dámaso López Núñez, mais conhecido como “Licenciado”, ex-subchefe de uma prisão mexicana, que depois trabalhou por anos para o cartel de Sinaloa e agora colabora com o governo americano, contou ao júri ter se encontrado várias vezes com a ex-miss de 29 anos para discutir detalhes sobre o plano de fuga de El Chapo por um túnel de 1,5 quilômetro construído sob o ralo de sua cela.
Coronel, que tem dupla cidadania americana e mexicana, e que teve gêmeas com El Chapo em agosto de 2011, nunca foi acusada de nenhum crime. Ela ouviu séria e calada o relato na sala do tribunal.
López contou que Coronel por várias vezes lhe passou recados de El Chapo, que estava preso em Altiplano depois da sua detenção em Mazatlán, em fevereiro de 2014, quando estava em um hotel com Emma e as filhas.
Em um desses encontros, Coronel lhe disse que El Chapo, de 61 anos, “estava planejando se arriscar e fugir da prisão”. “E queria saber se eu podia ajudar”, contou “Licenciado”.
Por meio de Coronel, El Chapo pediu à testemunha que conseguisse uma pessoa para enviar a Toluca, muito perto da penitenciária. López enviou um cunhado, que começou a subornar guardas da prisão.
A pedido de El Chapo, através dos recados dados por Coronel, “Licenciado” também conseguiu um depósito em uma cidade próxima a Altiplano, armas e uma caminhonete blindada.
Em outras reuniões, além de Coronel e “Licenciado”, estiveram presentes os filhos mais velhos de El Chapo, que compraram um terreno perto da prisão para construir o túnel.
Coronel, os filhos de El Chapo e López falavam de como entrar na prisão com um relógio com GPS que transmitiria a eles as coordenadas exatas do ex-chefe do cartel de Sinaloa.
Quando os comparsas de El Chapo cavaram o túnel e se aproximaram do chão de concreto de sua cela, “isso causou transtornos aos outros prisioneiros, que reclamavam do barulho”, relatou a testemunha, lembrando o que o acusado lhe contou uma semana depois de sua fuga.