10/12/2018 - 19:01
As dúvidas quanto ao ritmo da economia global derrubaram bolsas em todo o mundo e o Índice Bovespa não foi poupado da aversão ao risco que tomou o mercado internacional. Em sua terceira queda consecutiva, o indicador fechou aos 85.914,71 pontos, na mínima do dia, em baixa de 2,50%, passando a contabilizar perda de 4,01% em dezembro.
Os dados mais fracos da balança comercial chinesa, divulgadas no final de semana, alimentaram os temores em relação aos efeitos da guerra comercial entre Estados Unidos e o gigante asiático. Com isso, houve queda generalizada entre as commodities, em especial o petróleo, que penalizou as ações da Petrobras. As ações da petroleira renovaram mínimas até o call de fechamento e foram o principal destaque de queda do dia. Vale e siderúrgicas, por influência da queda do minério de ferro, também tiveram perdas expressivas.
O cenário doméstico ficou em segundo plano, mas também apresentou uma série de adversidades que estimularam a cautela do investidor. As suspeitas de movimentação financeira irregular de um ex-assessor de Flávio Bolsonaro continuaram a causar mal estar, assim como os desentendimentos entre integrantes do PSL. Os protestos dos caminhoneiros foram outro ponto de atenção. A cautela do investidor residiu principalmente no receio de que os ruídos possam afetar a governabilidade do novo governo logo no início, quando se espera avanços firmes na tramitação das reformas.
“A agenda doméstica hoje (segunda) foi muito vazia e o mercado fica bastante colado no exterior. E lá fora, os dados fracos da economia chinesa foram um agravante ao cenário já de mal estar com a tensão comercial entre Estados Unidos e China. Isso porque os dados da balança chinesa sinalizaram que a guerra comercial está se materializando”, disse Raphael Figueredo, sócio e analista da Eleven Financial.
O nervosismo foi maior à tarde, quando os mercados internacionais repercutiam outra preocupação, que acabou por se concretizar. A primeira-ministra britânica, Theresa May, confirmou que a votação do acordo Brexit foi adiada de forma indefinida. O pacto seria analisado pelo Parlamento do Reino Unido nesta terça. As bolsas europeias fecharam com fortes perdas.
Entre as ações que fazem parte da carteira teórica do Ibovespa, a maior queda ficou com Gol PN (-7,12%), num comportamento atribuído em parte à alta do dólar e em parte a um movimento de correção de ganhos recentes. Já as ações da Petrobras perderam 4,96% (ON) e 5,37% (PN), alinhadas às perdas do petróleo.