O Exército anunciou nesta terça-feira (4) que lançou uma operação para destruir túneis do movimento xiita libanês Hezbollah no território israelense, perto da fronteira com o Líbano.

O surpreendente anúncio foi feito horas depois que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se reuniu em Bruxelas com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, para discutir os perigos regionais.

Netanyahu disse que abordou a operação com Pompeo e qualificou os túneis como uma violação a uma resolução da ONU que visa acabar com a guerra de 2006 entre Israel e o grupo militante xiita Hezbollah.

O embaixador israelense na ONU, Danny Danon, pediu nesta terça “conversas do Conselho de Segurança” sobre a descoberta dos túneis do Hezbollah, alvo de uma operação militar do Estado hebreu.

“O Hezbollah continua agindo com o apoio financeiro do Irã sob sua liderança e patrocínio”. “Israel pede à comunidade internacional e ao Conselho de Segurança para condenar esta atividade do Hezbollah e exigir que o Líbano aplique as resoluções do Conselho de Segurança”, disse o diplomata em um comunicado.

“Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para defender nossa soberania e garantir a segurança do povo de Israel”, acrescentou Danon.

A operação “Escudo do Norte” é o último capítulo do confronto entre Israel e esta formação afim ao Irã, um dos grandes inimigos de Israel, na linha azul que determina a fronteira entre Líbano e Israel.

Esse confronto teve o território sírio como o cenário principal nos últimos anos, mas as autoridades israelenses também denunciam agora as atividades do Hezbollah no Irã e no Líbano.

Segundo um porta-voz do Exército israelense, o tenente-coronel Jonathan Conricus, tratam-se de “túneis de ataque” que ainda não estão operacionais e que a população do norte de Israel não está em perigo.

“Lançamos a operação ‘Escudo do Norte’ para acabar com a ameaça dos túneis de ataque da organização terrorista Hezbollah que vai da fronteira do Líbano até Israel”, disse o porta-voz.

Conricus detalhou que só atuam em território israelense.

Com esta operação, estabelecerão um perímetro militar na área afetada, perto da localidade de Metula, no nordeste do país.

Também reforçarão a presença militar, embora não tenham mobilizado soldados de reserva, explicou o porta-voz do Exército. Nenhuma informação específica foi dada à população civil israelense, acrescentou.

“Consideramos as atividades do Hezbollah uma violação flagrante da soberania israelense, que reflete novamente o desprezo total do Hezbollah pelas resoluções da ONU”, criticou Conricus.

Em 11 de agosto de 2006, a resolução 1.701 do Conselho de Segurança da ONU pôs fim a 33 dias de uma guerra que provocou 1.200 mortes no lado libanês e 160 no lado israelense. Essa ofensiva de Israel, iniciada após o sequestro de dois soldados, não neutralizou o Hezbollah.

Depois de vários conflitos, Israel e Líbano permanecem tecnicamente em estado de guerra, mas a situação na fronteira permaneceu relativamente calma nos últimos anos.

Israel está atualmente construindo uma barreira principalmente para impedir possíveis tentativas de infiltração dos homens do Hezbollah.

Seu objetivo é construir um muro, com uma extensão de 130 quilômetros, ao longo da fronteira entre Israel e o Líbano, ao invés da cerca atual.

– EUA apoiam operação –

A Casa Branca deu apoio total nesta terça-feira à operação do Exército israelense para destruir os túneis.

O conselheiro de Segurança Nacional do presidente Donald Trump, John Bolton, disse que “os Estados Unidos apoiam fortemente os esforços de Israel de defender sua soberania”.

“Em termos mais gerais, pedimos ao Irã e a todos os seus agentes que parem com sua agressão e provocação na região, o que representa uma ameaça inaceitável à segurança israelense e regional”, disse Bolton.

A Força da ONU no Líbano (Finul) anunciou que aumentou suas patrulhas na fronteira. Seu porta-voz, Malene Jensen, assegurou que “a situação na área onde a Finul opera continua calma”.

A rivalidade entre Israel e o Hezbollah se refletiu nos últimos anos na guerra na Síria, onde o movimento xiita combate ao lado do regime de Bashar Al-Assad, da mesma forma que seu aliado iraniano.

O Exército israelense bombardeou repetidamente os comboios militares do Hezbollah e as posições das forças iranianas.

Em 17 de setembro, uma operação israelense na Síria teve um fim acidental ao fazer com que um avião russo fosse abatido, o que causou a morte de 15 militares russos e gerou tensões entre Rússia e Israel.

Após o incidente de setembro, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que seu país continuaria combatendo a presença iraniana na Síria.

Diante da Assembleia Geral da ONU, o primeiro-ministro israelense acusou o Irã no final de setembro de tentar equipar o Hezbollah com mísseis de precisão para bombardear Israel.

Netanyahu está atualmente em uma situação delicada a nível de política interna, depois que a polícia israelense recomendou no domingo indiciá-lo em um terceiro caso de corrupção.